Capítulo 06 - Hannah

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Hannah

"Fiz a melhor escolha para nós dois, Hannah. Você sabe que não poderíamos ficar juntos. Eu te amo, mas não podemos nos enganar mais"

Eu o odeio. Definitivamente.

Melhor escolha para nós? Como ele tem coragem de dizer que fez a melhor escolha, se nem ao menos me comunicou sobre sua decisão? Damon esperou que minha mãe me contasse, marcando um jantar, quase como uma armadilha, porque assim eu não poderia explodir com ele na frente do restante da família.

Estivemos juntos no verão, e ele agiu como se tudo estivesse normal, e correu para a minha cama durante todas aquelas noites. E agora está me enchendo de mensagens, tentando me convencer a encontrá-lo antes do jantar. Mas eu não vou ceder.

Foda-se ele.

Suspirei, passando o shampoo pelos meus fios, e então me rendi a vontade repentina de cantar. Rolling in the deep da Adele surgiu na minha cabeça. Dentro do meu banheiro, protegida do mundo, longe de qualquer pessoa... posso cantar. Posso fazer o que eu amo. Deixei que meus sentimentos me controlassem, comecei com timidez, e fui ganhando confiança aos poucos.

Quando eu era criança, eu amava cantar, usava a música para aliviar a minha dor. Mas isso mudou com o tempo, quando percebi que nem mesmo a música traria meu pai para dentro da minha vida. Ele não se importava e, aos poucos, passei a não me importar também.

Ainda assim, aprecio a sensação boa de quando estou cantando, e fecho os olhos, e, de repente, sinto a música em cada centímetro do meu corpo, e pele, e ossos.

Terminando meu banho, enrolei uma toalha no cabelo e coloquei meu roupão. Quero passar o resto do dia no quarto, pensando em como vou lidar com Max e...

Mas que porra? — eu gritei ao abrir a porta do banheiro, e apertei o laço do meu roupão para garantir que nenhuma parte do meu corpo estivesse a mostra.

James Davenport está sentado na porcaria da minha cama... não, sentado não, ele está praticamente deitado, com a cabeça em cima do meu travesseiro. Senti meu sangue ferver de raiva, devo ter esquecido a porta aberta depois que Max saiu.

— Quem te autorizou a entrar, Davenport? — rosnei, caminhando até ele para arrancar meu urso de suas mãos. — Eu odeio quando você invade meu espaço pessoal.

Ele riu ao se sentar, mostrando seu conjunto impecável de dentes. Não gostei daquele sorriso, não foi com a ironia que ele costuma usar. Parece meio... sedutor.

— Você fica adorável brigando comigo assim, com essa toalha enrolada na cabeça.

Meu rosto esquentou. Eu pareço patética, é isso? 

Retirei a toalha no mesmo segundo, deixando meus fios molhados caírem sobre meus ombros.

James consertou sua postura, seus olhos desceram pelo meu corpo. Mesmo coberta, sinto como se ele estivesse me avaliando. Em poucos segundos seu olhar buscou o meu outra vez, intensidade brilhando neles, e outras sensações que não sei explicar. 

Acabei lembrando da noite passada, quando ele me olhou dessa mesma forma, com a Madison em seu colo, enquanto eu dançava com Max. Ele parecia tão perto de mim, tão...

Ah, Deus, não. Nunca.

— Por que está me olhando? — perguntei, jogando meu travesseiro em seu rosto. — Não me olhe assim, idiota, eu não gosto.

— Nenhum pouco? — ele me provocou ao se levantar, mal percebi quando James diminuiu a distância entre nós. — A noite passada foi coisa da minha cabeça, então? Só da minha?

Duas verdades, uma mentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora