Capítulo 10 - Hannah

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Hannah

O queixo da minha mãe caiu, e o meu também.

Eu não estava preocupada em não aumentar minha lista de problemas?

— Eu sempre soube, Hannah — minha mãe disse. — Nunca foi ódio.

Sempre vai ser ódio.

Cheia de empolgação, minha mãe começou um interrogatório sem fim sobre James. Como se a família Davenport não fosse conhecida. O pai de James é o advogado mais requisitado de Nova York, e a mãe é modelo comercial.

Ignorei Damon pelo resto da conversa. Se ele fazia perguntas, só minha mãe respondia. Se ele me olhava, eu desviava o olhar. Quando ele começou a falar sobre Grace e seu relacionamento, eu decidi ir embora. E peguei o primeiro táxi que passou só para poder recusar sua carona.

Deslizando o dedo pela tela do celular, procurei o contato de James na minha agenda. Cristo, onde diabos eu estou me metendo? Ter que convencer James Davenport a ser a porra do meu namorado por um final de semana? Eu definitivamente me odeio.

Pedir algo a ele é quase como deixá-lo enrolar uma corda em meu pescoço e me empurrar do banquinho.

Antes mesmo de descer do táxi, eu já estava arrependida. E quando James abriu a porcaria da porta, eu quis cavar um buraco e me enfiar lá dentro.

Usando apenas uma calça moletom, James sustentava um sorriso cretino no rosto enquanto me encarava. Acabei cedendo a vontade de checá-lo. É um maldito corpo de dar inveja. Abdômen definido, músculos contraídos... E aquelas malditas entradinhas.

Estarei aí em menos de meia hora, garanta que a casa esteja vazia — ele repetiu minha mensagem. — Tem noção da quantidade de coisas que eu imaginei?

Revirei os olhos, quase desistindo dessa merda. Olhei para trás e o táxi havia ido embora. Não tem mais volta.

James me deu espaço para entrar e fechou a porta atrás de nós. A casa parece silenciosa, acho que ele seguiu as minhas ordens.

— Nós estamos sozinhos? Porque se tiver outra pessoa nessa ca...

Não tive tempo de terminar a minha frase, porque perdi o raciocínio quando James agarrou o meu quadril e passou a caminhar com o corpo colado no meu. Eu abaixei a cabeça e encarei suas mãos grandes, a ponta dos dedos quase branca pela força que está usando.

E eu sei que deveria me afastar, é claro. Mas não posso negar que pensar em James me desejando é meio atraente.

— Estamos sozinhos, gata. Só eu e você — ele sussurrou, afastando o meu cabelo para beijar o meu ombro. — Do jeito que você queria.

É incrível como James consegue fazer até a mais simples frase parecer suja.

Ter suas mãos em volta de mim me fez lembrar de sábado, quando James me agarrou depois de ganhar no boliche. Eu estava brava pra cacete, sim... Mas, de alguma forma, aquele momento não pareceu uma provocação.

— Eu te esperei sem camisa pra facilitar o trabalho. Mas você está com muitas roupas, não acha?

Acho.

Quer dizer, não. Não acho. Eu não estou aqui para isso.

— Não pretendo tirar minhas roupas — eu disse, suspirando, e coloquei minhas mãos sobre as dele para retirá-las da minha cintura. — Não achou que eu queria transar, achou?

— É a ideia que você passa quando pede a casa vazia, porra — resmungou, irritado.

Mordendo o lábio para segurar a risada, eu me joguei no sofá e peguei o controle para trocar os canais. Não que eu queira assistir algo, mas preciso de um tempo para me acalmar.

Duas verdades, uma mentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora