James
— Sono pra cacete — Will murmurou para mim, quase emburrado enquanto ouvia Jeremy cantar as nossas músicas. — Você não disse que tinha achado alguém bom?
— É, mas a maldita não aceitou ainda. Aceite o nosso destino, e treine o Jeremy.
Não que eu tenha desistido de Hannah. Só estou dando espaço. Quero convencê-la sozinho, e algo me diz que vou conseguir. Seus olhos nunca mentem para mim, e eu já os vi brilhar uma vez ou outra quando toquei no assunto.
— Maldita? Uma mulher? Quer uma mulher na nossa banda? — Will rosnou, irritado. — Mas que porra, Davenport?
— Estou falando de uma Janis Joplin, seu cretino. Trocaria uma Janis Joplin pelo Jeremy? Só porque ele tem um pau?
Will resmungou um xingamento, é óbvio que ele não trocaria. Ninguém trocaria. Hannah Lawson é um talento que eu descobri, e vou mostrar para o mundo.
— O combinado era até essa semana.
— Imprevistos acontecem. O Max pode confirmar os shows, até lá ela vai ter aceitado — eu afirmei, seguro do que estou dizendo. — Alguma festa pra hoje?
— Não sei, cara. Vou sair com a Beck, o Max e a Hannah.
— Max e Hannah? Que porra é essa? — eu rosnei, puxando Will pelo braço. — Pra onde vocês vão? Estão saindo de casal agora?
— Boliche, cara — Will respondeu, segurando a risada. — Jake e Scott vão também, e a Cassie, amiga da Hannah. Você tem que parar de se entregar tanto, e apareça se quiser.
— Vá se foder.
Fiquei irritado com a gargalhada de Will, que se foda ele. Não estou gostando de como ele está de olho em mim ultimamente. Aposto que fez fofoca com a Rebecca, porque ela me encheu o saco, me fazendo perguntas idiotas sobre o que eu sinto em relação a Hannah.
O que eu sinto? Bom, uma imensa vontade de irritá-la, somente isso.
Will foi embora mais cedo, me deixou na mão cuidando dos vocais de Jeremy. O cara é bom. Fez parte do coral durante todo o colegial, ganhou concursos, e ficou em segundo lugar como melhor performance de primavera. Nós ficamos em primeiro. Não tenho dúvida de que o cara vai fazer sucesso. Mas, pelo que vi até agora, a vibe dele não bate com a nossa.
No momento, é o que temos, porque sou um covarde do caralho e não quero assumir essa posição.
Dei carona para Jeremy, e cedi aos pedidos de Madison para passar o resto do dia na sua casa. Não estava muito a fim, mas estou devendo isso a ela desde a última festa.
— E aí — eu a cumprimentei assim que cheguei, meio sem jeito, ela veio para me beijar e eu fui para abraçá-la.
— Legal que você tenha encontrado tempo pra mim.
Ofereci a ela o meu sorriso mais falso, evitando cair em sua provocação. Não é como se eu fosse obrigado a dar todo o meu tempo para Madison, ou necessariamente me organizar para adicioná-la em minha rotina.
— Meu pai comprou passagens pra San Diego, vamos passar o dia de ação de graças lá. Queria que você fosse comigo, só assim pra a minha mãe me dar um pouco de atenção.
— Ah, sem chances, Mad, eu sempre passo com a minha família.
— Nossa casa tem quarto para todos — retrucou.
Senti minha garganta fechar com a insistência dela.
Chegando na cozinha, enchi um copo com água gelada. San Diego parece bom, é claro... Cecília, minha irmã mais nova, iria ficar amarradona, mas isso seria como estabelecer algo mais sério com Mad.
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Duas verdades, uma mentira
RomanceHannah e James vivem em pé de guerra desde a adolescência, depois de um desentendimento que a fez acreditar que o único propósito dele era humilha-la. Entre brigas, provocações e xingamentos, os dois tentam a todo custo ignorar as sensações que um d...