Depois de dois dias eu tinha finalmente tomado a decisão mais difícil da minhha vida. Eu teria aquela criança. Mesmo que pensar nisso me apavore mas eu vou tentar, sempre tive vontade de ser mãe, não sobre essas circunstâncias é claro, nunca em meus piores pesadelos imaginei estar nessa situação. Mesmo assim é isso que vou fazer. Tentar pensar que esse bebê teve tão pouca escolha nisso tudo quanto eu, e tentar amá-lo. Só não sabia ainda como iria fazer isso. No final de tudo esse bebê seria ou minha ruína completa ou minha salvação.
A noite meu maior medo é a hora de dormir, é nessa hora que eu vejo tudo de novo e denovo e denovo. Eu ainda tenho pesadelos com aquela noite, a noite em que uma pessoa que dizia me amar teve coragem de fazer o que fez. Ainda acordo desesperada para vômitar tudo o que eu tenho no estômago. Ainda acordo chorando e gritando. Eles são tão reais, as sensações tão reais que as vezes eu não consigo distinguir o que é real e o que não é. Feliz ou infelizmente eu nunca durmo depois de um pesadelo, eles me fazem ficar acordada o resto da madrugada olhando para a porta.
Minhas irmã já tinham me avisado desde o começo que não confiavam muito nele, mas eu não as ouvi, resolvi dar mais valor à um amor que me deixou cega. Cega a ponto de não enxergar o quão ruim para mim ele era. Por que mesmo depois que ele me bateu uma vez eu escolhi ficar com ele. Quando ele me trancou em casa eu ainda escolhi ficar com ele. E em inumeras situações que mostravam o tipo de pessoa que ele era eu ainda escolhi ficar com ele. Eu o amava demais para perceber qualquer coisa. Esse amor era tão grande que tampou todos os meus sentidos em relação ao seu comportamento. Bem, amor pelo menos da minha parte, já que tenho certeza que o que ele sentia não era amor.
Minhas irmãs Nestha e Elain, o que será que elas achariam de tudo isso? Eu devia dar notícias, talvez estivessem preocupadas com meu sumiço, ou não, nossa relação nunca foi das melhores. Resolvi dar um jeito de ligar pra elas, fui até uma padariazinha que tinha visto antes e pedi para usar o telefone, a senhora que cuidava de lá me emprestou de bom grado. Disquei o número de casa e esperei, tocou duas vezes ante de eu ouvir a voz doce de Elain:
- Alô? Quem é? - fiquei muda por ums instantes sem saber o que falar, o choque de sua voz me congelando - Alô? Quem está ligando?
- Oi Elain, sou eu Feyre. - falei finalmente tomando coragem, dessa vez Elain que ficou muda.
- Feyre? - sussurrou ela - aí meus deuses Feyre você está bem? Eu estava preocupada você sumiu já faz um tempo, o que aconteceu?
- Estou bem Elain - debati por um momento se devia contar a ela o que aconteceu, resolvi contar apenas o superficial - eu só terminei com Tamlim e resolvi ir para longe, não acho que ele respeitaria minha decisão.
A verdade parcial, tinha muito mais envolvido, mas nada do que eu disse era mentira. Ouvi um suspiro, ambas sabíamos que ele não aceitaria.
- Gostaria que tivesse me avisado antes, mas acho que era o que você tinha que fazer. Bem onde você está agora?
-Estou em uma pousada à uns 50 km de vocês, mas logo vou para algum lugar ainda mais longe. Eu dou um jeito de falar com vocês avise Nestha, e vou dar um jeito também de mandar dinheiro, vou ficar bem ok?
- Ok, sei que sabe se cuidar, fique o tempo que precisar, mas ligue logo. Nestha... ela não vai admitir mas ficou preocupada com você.
- Ok, então eu... eu sentirei saudades, tchau, até mais.
- Até mais.
A conversa se revelou melhor do que eu esperava, deve ter sido pelo fato de que foi Elain que atendeu, ela sempre foi a irmã mais doce entre nós.
Mas agora aqui estou eu em uma cama pensando no que eu vou fazer daqui para frente. Pensando em como vou arrumar um emprego para sustentar à mim e ao meu bebê. Em minha conversa com Elain não falei sobre o bebê, o que ela acharia disso? E Nestha? Será que ficariam felizes por serem tias? Será que conseguiriam entender o que eu passei ou me julgariam? Eu não sei. Eu sei apenas que tenho que procurar emprego, e logo pois a minha reserva de dinheiro estava se esgotando e daqui mais ou menos umas três semanas eu estaria sem dinheiro. E eu disse a Elain que mandaria dinheiro, não sei no que estava pensando. Teria gastos mais que o suficiente com um bebê. Talvez eu devesse ligar novamente outro dia e falar que não daria para mandar dinheiro.
Bem isso teria que esperar, separei o dinheiro que precisaria e comprei uma passagem de avião para um lugar bem longe, praticamente o outro lado do país, tomara que isso seja o suficiente para ele não me achar. A viagem seria dois dias depois as 7:00 da manhã, a data mais próxima próxima que tinha achado.
![](https://img.wattpad.com/cover/293603637-288-k555271.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Papai?
FanfictionUma decisão importante. Ter ou não ter um filho? Muita coisa pode acontecer em nove meses, e as vezes nada sai como planejado. Mas a vida acontece enquanto estamos fazendo planos não é mesmo?