24 - Outra pessoa

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Memórias de 2010, 15 anos.


Nada para um capricorniano.

Por isso o evento mais esperado naquele fim de ano – com toda certeza do mundo – era o aniversário de Diana. Do jeito que ela era, fez questão de tomar partido de todos os detalhes da festa e tratava aquilo com uma seriedade além do normal.

A festa seria à fantasia e o orçamento que os pais deram a ela era bem gordo.

Estar de castigo me fez perder muitos momentos com meus amigos, mas em contrapartida, e surpreendendo a todos, Enzo foi a pessoa que mais ajudou em todos os preparativos. Talvez porque os dois combinem nesse jeito organizado e certinho ao extremo e ele estava sem ter o que fazer. Mas eu tinha a esperança de que os dois estavam começando a se dar bem.

Mesmo eu não podendo fazer muita coisa, ela tentava me incluir em tudo que faziam, nem que fosse me deixando por dentro de todas as novidades. Diana não ia simplesmente dar uma festa, ela iria dar A Festa. A verba que ela tinha era bem considerável.

O nome de Nicolas estava na lista. Não falei nada sobre isso com ela para não gerar um climão desnecessário, eles eram amigos e eu não tinha o direito de me meter nisso. Mas não sei como reagiria na presença dele, o término era recente.

- Você tem certeza que vai convidar toda essa gente? - Perguntei enquanto a gente colocava o nome nos convites de acordo com a lista imensa que ela tinha feito.

Os convites eram lindos e chiques. Envelope grande, preto, com detalhes em roxo, além de texturas nas letras e desenhos.

- Eu conheço bastante gente... e minha casa é enorme.

-Isso é verdade, mas... acho que misturar gente do Metrópole e do Luís Palvo vai dar problema.

Por mais que nossos colégios fossem praticamente na mesma rua, existia uma rixa antiga e os alunos não se davam tão bem. O Metrópole - Colégio de Diana, Nicolas e Raquel - Não era simplesmente um colégio particular, ele é o colégio mais caro da região e só estuda lá com bolsa ou sendo cheio da grana. A galera da elite da cidade estudava lá. Já o Luís Palvo era o maior colégio estadual da região metropolitana, e como qualquer outro colégio público, você pode ver de tudo e muitas realidades completamente distintas. O fato mais alarmante é que ele tinha uma galera mais barra pesada e Rafa agora estava andando com eles.

- Não vai ter álcool e nem nada disso, acho que a situação pode ficar sob controle.

- Eu sei que ninguém me perguntou nada, mas eu concordo com Margot. - Disse Enzo enquanto estava sentado no chão e encostado na minha cama jogando em seu GB. - Por mais que uma galera do nosso colégio goste de você, isso não significa que vai ser o suficiente pra fazer cooperar uns com os outros. Você está levando pólvora e fogo pro mesmo ambiente.

- Eu não posso simplesmente não convidar. As pessoas vão ficar chateadas comigo. E eu já criei muita expectativa com essa festa.

- Então deixe claro pra ambos os lados segurar a onda. - Falei em tom de alerta.

- Acho mais válido contratar seguranças.

- Eu preciso pensar. Não ajuda em nada com vocês dois me pressionando!

Eu e Enzo trocamos olhares discretos, mas significavam a mesma coisa "Isso tem tudo pra dar errado".


***


"Já estou indo para aí daqui a pouco."

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