Sky
Há momentos na vida que sabemos do nosso erro, sabemos que estávamos pisando na bola e mesmo cientes disso, continuamos fazendo as mesmas merdas. Não me pergunte o porquê. Deve ter alguma falha em nosso sistema, na matrix do que é ser humano para gente ser tão egoísta e tão autopiedoso ao mesmo tempo.
Eu saquei que eu já estava sendo uma pessoa bem ruinzinha havia um tempo, mas você só se dá conta de que tem que parar de ser uma merda, quando vê consequências reais acontecendo na sua frente.
Aqui estou eu, beijando o Guilherme enquanto Matheus tem um ataque de pânico no seu aniversário praticamente ao nosso lado. De alguma forma, aquilo é minha culpa. Um pouco.
Eu estou chapada demais para lidar com isso.
Bêbada de mais para lidar com isso.
Fodida demais para lidar com isso.
É o que fico dizendo para mim mesma, beijando o Gui, olhando as estrelas do alto, a música estourando. Nem aí, nem aí, nem aí.
Tudo tem um limite. Acho que talvez eu tenha cruzado um hoje, mas Guilherme também. E ainda assim, não consigo me descolar dele.
Tem um magnetismo ali, do que é certo e errado, perigoso e seguro, o meio-termo do que posso e não posso, que me impede de afastar dele enquanto o pessoal ajuda o Matheus e sei que estão todos nos julgando. Greta deve me odiar tanto agora, nem sei onde ela está.
É isso. Estou fugindo dele. Na própria casa dele.
Matheus gosta de mim, eu quero beijar Guilherme, o melhor amigo dele. E eu faço isso. Na festa dele. No aniversário dele.
Nem aí, nem aí, nem aí.
Repito para evitar a parcela de culpa.
Estou chapada, bêbada e fodida demais para lidar com isso. Lá, lá, lá.
Mas não tem como fugir, em algum momento eu vou parar de beijar Gui, a Greta vai me procurar, vou ter que pedir para o Bê pedir um Uber e o Matheus vai abrir o portão. Não há festa que segure o climão que vai ser.
- Somos pessoas ruins? – Gui pergunta entre um selinho e outro.
- O quê? Pelo que aconteceu?
- É, tô sem graça de ir falar com o Matheus. Ele parece transtornado.
- Vai sim.
- Beleza, vou no banheiro e falo com ele depois, acho que ele tá mais calmo. Tá até cantando com o pessoal agora.
Observo Gui entrar no fatídico banheiro e me viro de costas, não querendo observar o que vai sair daquela conversa depois.
Que merda eu tô fazendo? Me escoro na mureta do terraço, olhando para o céu.
- Skyler. – Greta aparece, finalmente. – O que rolou?
- Eu não sei, meu Deus, eu realmente não sei.
- Essa festa virou um enterro.
Rimos juntas, felizmente, ela também tinha bebido um pouco com a gente antes de chegar na festa.
- E agora Marlon tem mais um motivo para falar mal de mim, eba!
- Ele tá sempre procurando algo, Sky. – Caio chegou para conversar. Não éramos tão próximos, mas por algum motivo, ele estava na festa. – Sério, desde que ele terminou com a Diana esses dias, ele tá bem chato.
- E quando ele não tá? – Greta bebe um copo de refri e come algum salgadinho ali perto.
- Pois é.
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O céu é para todos [COMPLETO]
Teen FictionSky acaba de sofrer uma decepção amorosa. Ela decide criar um plano mirabolante de ficar com 99 pessoas sem grandes envolvimentos, sem compromisso, sem apego, e acredita que a pessoa número 100º será a especial, "a grande escolhida", para finalment...