12.

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Matheus

- Preciso falar com você.

É tudo o que Guilherme diz ao me arrastar para um canto, longe do meu grupo que estava dançando alguma música que eu não conhecia direito.

Ou só estava muito bêbado para assimilar os detalhes.

- O que aconteceu?

Vejo meu amigo engolir em seco e me olhar com uma carinha de cachorro perdido.

- Eu fiquei com a Sky.

A frase entra pelo meu ouvido mas não sei se a absorvo direito porque minha visão está meio turva.

- Quê?

- É, foi mal. Por favor, não fica com raiva. Sei que você gosta dela e tal.

Ah.

Eu gosto?

- Ah, de boa, cara, sei lá, eu só acho que gosto, enfim, não quero ter essa conversa. – As palavras saem difíceis da minha boca, pesadas. – E a Greta?

- É, eu também fiquei com ela. – Ele deu olhadela para trás, como que para conferir quem o estava observando.

- Jesus. – Bebo mais um gole da minha bebida.

- E o Bernardo. – E assim que ele fala isso eu engasgo.

- O Bernardo?

- É, mas eu não sou gay, nem nada. Só, aconteceu.

Levanto os braços em rendição.

- Sem julgamentos aqui, cara. Ele até que é bem gato.

Guilherme ainda olhava para mim com a cara mais pálida que o normal. Eu quase podia contar as sardas por baixo dos seus olhos escuros.

- Espera, como você ficou com esse tanto de gente? Tipo, eu tô a festa inteira distraindo a Ágata de você, e olha que ela perguntou onde você tava...

- E o que você fez?

- Enrolei contando nossa breve história de amizade como se fosse uma longa.

- Matheus, continue enrolando então.

- Tá bem, tá bem. Só estou dizendo que se já pegou três, o que será mais um?

- Meio que foi uma troca. Eu estava de boa com a Greta, bebemos uns shots e quando eu dei por mim, estávamos junto com Bernardo e Sky.

- Uma grande suruba, e nem me chamam. – Tento falar em tom brincalhão, porém algo sai amargo em minha garganta.

Guilherme revira os olhos.

- Só pra constar, o Marlon, que é o dono da festa, pegou a gente no pulo lá atrás do quintal, então assim, mó climão. Enfim, vou pegar umas bebidas e ficar com a Greta.

- De boa.

Observo meu amigo sumir na multidão, até que vejo outra cabeleira ruiva vir em minha direção e me entregar uma ice bem gelada.

- Pronto, isso é igual suco tang para o seu estado agora. Toma tudo. – Ágata me oferece a garrafa, massageando minhas costas.

- Você está tão bêbada quanto eu. Pode parar! – Protesto, mas tomo o líquido de bom grado, e ofereço um pouco para ela também.

- Até parece. Onde tá a Camila? E o Guilherme que sumiu? – Ela se arrasta ao falar o nome do garoto, o que me faz gelar.

- A Cami foi se meter nuns arbustos com uma garota que eu apresentei para ela, ela tem cabelo rosa e...

- A Kiwi?

- É esse o nome dela mesmo?

- Acho que é apelido.

- Enfim, ela mesma. E o Gui? Eu vi ele por agora, indo até as bebidas. Achei que você tivesse trombado com ele, talvez. – Pensando no meu plano diabólico e inconsciente de fazer eles se encontrarem, contudo Guilherme devia ter desviado e ido para o banheiro.

- Não vi. – Ela toma mais um gole da bebida. – Ele deve estar ficando com alguém.

Por que mentir?

- Provavelmente, olha, mas fica de boa porque você tem a mim para te fazer companhia! –Ergo os braços e a garota me abraça, continuamos assim durante todas as músicas.


Sky

Quando ouço a voz de Marlon, com a minha boca colada em Gui, uma parte em Greta, e Bernardo no meu pescoço, juro que penso que essa é a noite que eu destruí minha reputação por completo.

Eu não sei se ficava feliz com essa péssima impressão ou desesperada com essa ótima impressão?

Afinal, estamos indo muito bem em superar Marlon e bater a meta daquele lista estúpida, né?

Sei lá.

- Gente, vocês podem sair daí de trás por favor? Não podem, é, err... é, não podem ficar aí. –Olha, vou sem bem sincera. Eu não me lembro a última vez que escutei Mar gaguejar.

Ele era um líder nato, bom palestrante, queria ser advogado. As palavras estavam sempre a favor dele.

Gostei desse efeito. Desse tropeço que eu o fiz, de certa maneira, dar.

Afasto meu cabelo do meu rosto, corado pelo calor e pelo que aconteceu.

- Foi mal. – Bernardo comenta quando passamos por Marlon, Greta solta algumas risadinhas, Gui parece que viu um fantasma e vejo Mar o fuzilando, o que não entendo direito.

Até que o olhar dele é direcionado para mim.

- Sinceramente, Sky. Esperava mais de você.

E ele sai andando.

Que merda é essa?

Só porque a namorada dele não veio ele quer implicar comigo?

Todo o meu lado impulsivo quer correr atrás de Marlon e ir tirar umas boas satisfações com ele, porém Bernardo me segura pelos ombros.

- Nananinanão. Isso aqui é uma festa. Você vai se embebedar e se divertir! Não arrumar briga.

- Mas...

Bernardo me beija para me calar.

- Sem mais. Vamos curtir o som do Jonas e amanhã, quando estiver sóbria, você pode conversar com o Mar.

Considerando que Bê deveria estar mais trêbado que eu e me estava dando bons ou maus conselhos, prefiro ouvi-lo ao me desgastar com bate-e-boca agora.

O céu é para todos [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora