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Sky

Chorar em público é patético, e é isso que estou fazendo agora nos braços de Greta.

A praça da Liberdade está ponta cabeça para mim, seja pelo ângulo que estou deitada ou por ter bebido. Enfim, não importa.

Eu não merecia ter recebido aquela mensagem do meu pai, não em um sábado feliz. Eu estava me divertindo, porra.

"Ei, Skyler. Estou em BH, gostaria de poder te ver para conversar, botar o papo em dia, sei que não tenho sido presente, mas se puder me encontrar pra gente conversar, ficarei feliz. Pode escolher o lugar."

Talvez eu tenha bebido além da conta, mas receber uma mensagem do meu pai falando aquilo me quebrou ainda mais.

Por que só agora?

Parecia que tudo estava culminando numa coisa só.

- Eu odeio ele, Greta. Juro, se eu pudesse, eu o matava.

- Não fala assim. – Ela acaricia meu ombro. – Você não precisa se encontrar com ele, sabe?

Eu assinto.

- Eu sei, mas eu meio que preciso. Isso precisa acabar, essa história com a Bianca, eu preciso entender, se não, não vou ter paz.

- Talvez falar com a Bianca primeiro? Ela já falou que queria conversar contigo.

- Mas não sobre isso. – Aponto desesperada para o meu telefone. – Como eu explico que o padrasto dela é meu pai? Isso vai além de problemas de um relacionamento a distância. É doentio, é... esquisito demais.

Greta encolhe os ombros.

- Bom, isso é com você.

Suspiro.

Estava na hora de encarar Bianca.

***

Eu havia acabado de sair da primeira sessão de terapia após muito tempo sem ir, eu me lembrava vagamente da Dr. Junia. Ela tinha envelhecido um pouco, mas ainda lembrava de mim. E quando falei sobre meus planos de me encontrar para conversar com Bianca, ela me incentivou. Então, parecia a coisa certa a se fazer.

Bianca merecia isso de mim.

- Posso dizer que estou um pouco com medo do que você vai me falar? – É o que Bianca diz ao me abraçar, e me sinto culpada.

- Não é muito meu estilo, né? Querer resolver as coisas.

- Não mesmo. Mas já o cabelo novo, eu curti o corte.

Sorrio com o comentário.

Estávamos no Shopping Cidade, estava cheio, como sempre, como qualquer outro lugar no centro de BH. Nos sentamos no andar de cima da Livraria Leitura e o cheiro de pipoca do cinema ao lado invadia meu nariz, me dando água na boca.

- Aconteceu alguma coisa? – Percebo ela se inclinando, quase que num instinto para segurar minha mão, mas se recolhe no último segundo. Quase a puxo de volto. Eu deixaria ela segurar hoje.

- Acabei de sair da terapia, eu voltei a fazer.

- Que bom. Está melhor? Depois daquele dia no evento, eu realmente fiquei preocupada que você estivesse...

- O quê?

- Não sei, se viciando em algo mais forte? Querendo se matar? Caralho, Sky, me preocupo demais com você.

- Desculpa, não era minha intenção preocupar ninguém. – Meus olhos marejam. – Eu só queria escapar, sério, Bi, aconteceu tanta coisa, eu nem sei por onde começar...

O céu é para todos [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora