O céu é para todos [COMPLETO]

6.

Matheus

Eu e Guilherme nos aproximamos na semana seguinte ao Evento.

Na real, o cara colou em mim.

Mudou de lugar, sentou mais perto. E pronto, somos amigos.

Não tardou ele cismar de fazer o Trabalho de Geografia comigo, e como eu não tinha mais ninguém em mente a não ser a galera esquisitona da sala (mais do que eu, juro), acabei aceitando.

Era um sábado a tarde, quando nos arrastamos para a Biblioteca Estadual Luiz de Bessa, ou simplesmente Biblioteca da Liba, que ficava no circuito da Praça da Liberdade, para fazermos uma pesquisa.

- Meus olhos vão cair. –Guilherme estava deitado sob o livro em uma das mesinhas espalhas em meio aos livros.

- Você nem começou seu resumo.

- E eu não aguento mais. –Ele sacode a cabeça. –Anotei alguns pontos. –Gui me mostra uma folha rabiscada. –Pode fazer para mim depois? Tenho que voltar para a casa.

Olho para folha, e suspiro.

- Não pode fazer depois?

- Sabe que tenho que cuidar dos meus irmãos.

Guilherme se levanta, e colocamos os livros em seus devidos lugares e nos encaminhamos para a saída.

- Vai nessa festa do Bernardo? Eu não conheço muito o cara, mas a Greta é amiga dele. –Comento com Gui, que também foi adicionado no grupo.

- Hum, estou pensando... Meio que tenho um encontro marcado com uma garota no Tinder, já tem um tempo. Pelo menos é uma foda garantida, né? –Ele ri e me dá um soquinho no braço. Eu rio junto. 

Nos sentamos no ponto de ônibus em frente ao CCBB.

- Gostaria de ter alguma companhia já que conheço poucas pessoas ainda, mas acho que talvez o Jonas... Ei, aquela não é a Sky?

A garota atravessa a rua, e é seguida daquela cabeleira verde e mais umas cinco pessoas que possuem rostos familiares do domingo passado.

Antes que Guilherme me responda, Sky chega me abraçando.

- Matheus! O que tá fazendo aqui?

- Ah, eu vim fazer um trabalho da escola com o Guilherme. Ele é do Evento também, Hospedeiro da Água.

- Somos da mesma escola. –Ele explica, e Sky também o abraça em cumprimento. –Sistema Ensino.

Ela arregala os olhos.

- Coragem.

- Nem fala. –Eu comento.

- Eu gosto de lá. –Gui dá de ombros. Óbvio que gostava. Seu pai era bombeiro militar, como o meu. A grande maioria lá vinha de pais militares. Uns mais alienados que outros.

- Eu e Alex viemos visitar uma exposição de Mitologia Egípcia aqui no CCBB, e acabamos trombando com uma galera que estava treinando na Liba.

- Nem sabia que estava rolando exposição. Eu acho que nunca entrei aí para além de usar o banheiro. –Respondo.

- Deveria. Sério, tem exposições incríveis! Por que não vem com a gente?

Eu encaro Guilherme.

- Você vem?

- Ah, eu bem que queria. Mas já vou indo mesmo.

- Tudo bem se eu for? - Pergunto porque não tinha nada para fazer mesmo, e estava disposto a tentar ficar o máximo de tempo possível longe de casa.