21.

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Matheus

Depois de cantar algumas músicas e lavar minha alma chorando, e beber um copo de água com Camila, enquanto Vini me abraçava, e após conversar com Jonas, posso dizer que melhorei.

Mas não havia mais clima pra festa nenhuma depois que as músicas tristes começaram a tocar.

Então, um a um, meus amigos foram embora.

Na porta, me despedi de Caio e Jonas que tinham vindo juntos, Caio me deu abraço caloroso e um beijo na bochecha que me pegou desprevenido.

- Só para você ficar bem. – E entrou no Uber.

- A gente se vê, Matheus. Qualquer coisa, só chamar. – Jonas acenou.

Subo as escadas, minha mãe está na sala, assistindo TV.

- Seu pai tá junto com o pai da Camila. Liguei para lá.

- Ah sim. – Eles eram amigos também, afinal, vizinhos de longa data.

Não sei se ela vai falar mais alguma coisa, e não sei se quero ouvir, então subo as escadas.

Na entrada do terraço, dou um encontrão com Sky.

- Matheus, oi. Eu tô indo embora daqui a pouco. Podemos conversar?

Assenti e segui a garota, até a mureta do terraço para ficar longe da música e olhar o céu. Gui havia ido embora a pouco também, por isso que ela resolveu falar comigo agora.

- Desculpa por hoje.

- Você não teve culpa de nada, Sky. – Argumento, mesmo que lá no fundo eu queria culpá-la um pouquinho.

- Eu sei. Mas, senti que, o que rolou com seu pai, você e o Gui...

- Deixa pra lá. É só irônico, meu pai pensar que sou gay, quando eu estava justamente discutindo sobre a garota que eu tô afim.

Sky continuava a me olhar, os olhos agora sem tanta dilatação, claros e enormes.

- Eu não sabia.

- Não tinha como saber. Eu escolhi não te contar, tá bom? Eu gosto de você. – Encarei ela, e quando disse isso meu estômago deu uma revirada. – Mas sei que você não sente o mesmo, e não vamos ter nada, então, pra quê? Pra quê impedir duas pessoas que querem ficar juntas, só por conta de uma?

- Foi isso que você disse ao Guilherme?

- É, algo parecido.

- Por que você acha que não teríamos nada? – Sky pergunta, desconfortável até. Como se minha conclusão fosse precipitada.

- Você quer namorar? Me vê como um namorado? Quer ficar comigo mais vezes? Qual é, eu já sei a resposta disso, Sky. Não preciso te perguntar.

- Tá, mas não precisa ser assim sempre. Não deixa ser sempre assim.

- Não vou. Pode deixar.

Ela me abraça.

- Por favor, conversa comigo e não faça nada estúpido.

Meus olhos enchem de lágrimas.

- Vou tentar. – Minha voz sai mais embargada e fraca do que eu gostaria.

Ela vai embora, acompanha Greta e Bernardo ao meu quarto para eles pegarem seus pertences e os vejo sair pelo portão da minha casa com uma sensação de que eu deveria ter dito ou feito algo diferente naquela noite, mas não imagino o que pode ser.

O céu é para todos [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora