Maya
Após o pequeno susto com o berg e a pequena discussão que tive com os meninos, conseguimos avançar por algumas horas antes de tudo piorar. Depois de subir e descer intermináveis pilhas de destroços e de uma fustigante tempestade de areia, eu achei que já tínhamos enfrentado a pior parte, mas descobri que não.
Winston, exausto e machucado, desabou na areia, sem conseguir mais andar. Nos reunimos ao redor dele, dando um pouco da água que havia restado ao garoto.
Aproveitamos a pausa para descansar por alguns minutos e tentar pensar no que fazer. Tereza andava de um lado para outro a alguns passos longe de nós. Thomas, Newt e Minho se aproximaram da garota e uma pequena discussão se iniciou. Fui até o pequeno grupo para tentar descobrir o que estava acontecendo.
- Eu odeio a ideia, mas também não vejo alternativa - Thomas falou baixo, enquanto eu chegava perto.
- O que tá acontecendo? - perguntei.
- Tereza e Thomas querem deixar o Winston para trás. Acham que ele é um peso morto - Minho informou, olhando os dois com raiva.
- Não é isso, Minho! Mas... - Thomas começou, mas eu o interrompi.
- Honestamente, como podem considerar isso? Deixá-lo pra trás é o mesmo que entregá-lo nas mãos dos cranks para que eles terminem o trabalho. Não podemos largá-lo. Vamos dar um jeito, mas ninguém vai ser deixado pra trás!
Comecei a olhar ao redor, procurando algo que pudesse nos ajudar, quando senti Tereza puxar o meu braço.
- Por que se importa? - a garota perguntou, me encarando com os olhos azuis penetrantes. - Há menos de um dia você nem sabia que ele existia.
- Eu me importo porque podia ter sido eu ou Aris ou Maddie. Nós passamos primeiro pela porta por puro acaso, mas se tivéssemos ficado por último como Winston, seríamos nós no lugar dele. E eu não sei você, mas eu nunca deixo os meus pra trás, nem que tenha que carregá-los nas costas - falei com raiva, retribuindo o olhar.
Nos encaramos por alguns instantes. Eu não sabia o motivo por trás do meu constante incômodo com Tereza, mas parecia ser recíproco pela maneira que ela olhava pra mim. Depois de um tempo me soltei dela e olhei ao redor para os demais.
Thomas ainda parecia em dúvida, mas Minho e Newt balançavam a cabeça concordando com o que eu havia dito. Juntos, nós três vasculhamos os destroços ao nosso redor. Por fim, encontramos alguns cabos de madeira e uns panos que serviram para improvisar uma maca. Colocamos Winston nela e a partir daí nos revezamos em duplas para carregá-lo.
Eu sabia que o garoto não ia durar muito. Do pouco que eu sabia sobre cranks, imaginava que ele estava prestes a virar um deles em pouco tempo - em semanas, se tivéssemos sorte. E mesmo que ele fosse imune e não se transformasse, a sorte continuava contra ele.
Os ferimentos eram extensos e profundos. Não tínhamos a mínima previsão de sequer chegar a algum lugar, quanto mais a um local onde pudessem ajudá-lo. A comida era escassa, quase não tínhamos mais água.
Mas não me arrependi da posição que tomei de levá-lo adiante. Por pior que fosse a nossa situação, largar alguém como se fosse um objeto quebrado não era uma opção.
Os meninos pareceram ficar mais confortáveis com a minha presença depois que ajudei Winston. Maddie, com sua personalidade naturalmente adorável, também começava a se integrar ao grupo. E eu começava a considerar a possibilidade de confiar neles - pelo menos por enquanto.
No entanto, Thomas e Tereza continuavam a me incomodar, a garota ainda mais depois do nosso pequeno conflito. Enquanto andava em silêncio, eu refletia sobre o tipo de pessoa que considerava deixar alguém pra trás tão friamente.
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The Maze Runner: Love Trials [1]
Teen Fiction"Estou no mesmo corredor de sempre. A garota está lá. Longe demais para que eu consiga tocá-la, mas perto o suficiente para que eu veja a manchinha azul em seu olho. - Você devia ter corrido. Por que não correu? - ela sussurra - Eu não consigo ir...