Capítulo 22: "Ai, droga!"

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Maya

Abri os olhos confusa, piscando para tentar desembaçar minha visão. A última coisa de que eu me lembrava era do chão ceder embaixo dos meus pés quando me aproximei de Newt para ajudá-lo a resgatar Aris.

Eu ouvia barulhos ao meu redor, mas tudo soava abafado e distante. Meu corpo inteiro doía e tentar me mexer piorava tudo. Senti algo se mexer ao meu lado, mas estava desorientada demais para entender o que era.

Com dificuldade, me apoiei sobre minhas mãos e tentei me levantar, sentindo cada músculo e osso do meu corpo doer ainda mais com o esforço. De joelhos, olhei ao redor para identificar o que estava acontecendo. Ainda com a visão embaçada e na semi escuridão do ambiente, vi várias pessoas se movendo em diversos pontos dos escombros.

Mas algo não parecia certo. Eu caí com Newt, e Aris já estava aqui antes de desabarmos. Eu só deveria enxergar dois vultos ali. Quem eram os demais?

- Maya! - ouvi alguém gritar de um canto mais ou menos próximo a mim.

A voz ainda soava distante, por mais perto que a pessoa estivesse de mim. O torpor ainda me tomava e eu sacudi levemente a cabeça, tentando raciocinar, mas tudo parecia abafado e em câmera lenta.

- Corre! - a pessoa gritou novamente - Maya! Corre! AGORA!

Antes que eu pudesse ter qualquer reação, algo caiu sobre mim, me levando ao chão novamente. Mas a coisa se mexia freneticamente, então não era algo, era alguém.

O impacto da queda pareceu finalmente me tirar da inércia. Em uma fração de segundo, minha mente se acelerou e eu comecei a entender o que estava realmente acontecendo.

Apesar da confusão, ouvi barulhos de luta ao longe. Com a visão periférica, percebi que Newt lutava com um vulto, enquanto Aris empurrava mais dois contra uma barra de ferro. Gritos vinham de algum lugar acima, embora não conseguisse entender o que estava sendo dito. Mas eu tive pouco tempo para tentar entender toda a situação.

Me sacudi no chão, sob o peso da pessoa que havia se jogado em cima de mim, me virando até ficar de frente para ela. E aí percebi que era um crank louco e faminto, que tentava a todo custo arrancar qualquer pedaço de mim.

Gritei instintivamente, usando minhas mãos para segurar os seus braços, que se encaminhavam para o meu rosto. Tentei chutá-lo, mas a maneira como ele havia caído sobre mim me impedia de usar minhas pernas de uma maneira efetiva. Evoquei toda a força que havia em mim e usei para jogá-lo para o lado.

Isso não o tirou do meu encalço, mas serviu para me fazer recobrar um pouco o equilíbrio e começar a me levantar. De pé, continuei lutando com o crank, que me agarrou pelos tornozelos e tentou me puxar de volta ao chão.

- Pega! - ouvi uma voz, que finalmente identifiquei ser a de Newt.

Me virei a tempo somente de vê-lo me arremessar uma barra de ferro, que peguei no último instante. Meu primeiro instinto foi, ao observar a ponta afiada da barra, de enfiá-la na cabeça do crank. Mas o mero pensamento disso embrulhou o meu estômago. Por mais asqueroso que ele fosse agora, ele já tinha sido uma pessoa e eu não consegui me obrigar a fazer algo tão brutal.

Ao invés, utilizei a barra horizontalmente, utilizando-a para bater em suas mãos até que ele largasse os meus pés. Assim que me vi livre do crank, recuei alguns passos até que minhas costas se viram coladas à uma parede. O monstro se levantou e avançou em uma velocidade assustadora em minha direção e, quase que instintivamente, bati com a barra na lateral de sua cabeça com toda a força que pude, jogando-o ao chão. Ele ainda fez menção de se levantar novamente, mas eu o golpeei mais duas vezes, até que ele atingiu o chão, inerte.

The Maze Runner: Love Trials [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora