Capítulo 23: A febre

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Maya

- Ei, ei, ei! - Newt gritou se levantando e se colocando entre eu e Jorge - Abaixa isso aí!

Automaticamente, Caçarola, Aris e Minho se colocaram ao meu redor de maneira protetora, imitando Newt. Tereza continuou onde estava.

- Isso aí - Jorge indicou minha perna com a mão que segurava a arma - é uma sentença de morte. Não vai demorar até que ela nos ataque que nem aqueles cranks fizeram com ela lá embaixo. Eu não vou arriscar me tornar uma daquelas coisas.

- Você não vai virar um crank - falei, o cansaço me tomando de uma forma que transpareceu na minha voz - Pelo menos não pelas minhas mãos

- Você diz isso agora, mas no instante que o vírus tomar o seu cérebro, nem sequer lembrará que um dia me conheceu. Eu não serei diferente de um pedaço de carne qualquer pra você - replicou Jorge, parecendo cada vez mais transtornado.

- O vírus não vai tomar meu cérebro - murmurei, a voz começando a falhar - Eu...

Não consegui completar a frase. Minha cabeça estava pesada e eu tinha a sensação que o mundo girava levemente ao meu redor. O suor frio continuava descendo pelas minhas costas e eu me sentia cada vez mais nauseada.

- Já está tomando! - o homem gritou, mais uma vez tentando apontar a arma para mim, sendo impedido pelos meninos - Vocês não enxergam? Eu nunca vi alguém sucumbir tão rápido, mas ela já está começando a demonstrar os sintomas!

- Isso vai passar! - tentei gritar mas minha voz saiu fraca.

- Não vai, não! Você...

- Ela é imune! - Newt gritou por fim - Ela não vai se transformar em uma crank. Já foi infectada antes e sobreviveu. Ela é imune!

Jorge recuou um passo, ponderando o que havia acabado de ouvir. Ele olhou para mim, então para cada um dos meninos - que confirmaram com a cabeça o que Newt tinha dito - e então para mim de novo.

- Imune? - o homem ecoou, parecendo incerto.

- Sim, imune - murmurei, minha voz soando cada vez mais exausta.

- Quando você foi infectada? - ele questionou.

- Há alguns anos - respondi - Não lembro há quantos, o CRUEL apagou minha memória depois disso e eu não sei ao certo. Mas eu era criança. Me infectei, passei por todos os sintomas da infecção e depois de uns dias estava bem. Nunca virei uma crank.

Jorge continuou a me olhar por longos segundos e depois olhou cada um dos meninos de novo. Por fim, travou a arma novamente e a guardou no cós da calça. Eu notei que, mesmo guardando o revólver, ele continuou a segurá-lo.

- Tudo bem - ele falou por fim, mas sua voz não aparentava tanta firmeza.

Depois que ele guardou a arma, os meninos relaxaram um pouco ao meu redor. Durante todo esse tempo, não pude deixar que Tereza se manteve à margem da situação. Ela não me acusou de nada, como havia feito no deserto, mas também não fez questão alguma de tentar me defender, mesmo sabendo da minha história. Eu não esperava proteção alguma dela, mas continuava a me incomodar com suas atitudes.

- Você consegue andar? - Minho me despertou dos meus pensamentos - Não podemos ficar muito mais por aqui. O sol já está começando a passar do meio do céu. Ainda precisamos achar Thomas, Brenda e Maddie.

- Falando nisso - Caçarola começou pensativo - você nunca nos disse aonde íamos para achá-los, Jorge. Só disse que sabia para onde Brenda iria e nós o seguimos.

- O que, pensando agora, não parece a mais inteligente das nossas decisões - Aris murmurou para si mesmo.

Jorge suspirou, olhando ao redor como se procurasse a direção na qual iríamos seguir agora.

The Maze Runner: Love Trials [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora