Maya
Aos poucos, minha visão volta ao foco. Pisco várias vezes, tentando assimilar o que me aconteceu. Estou caída no chão de alguma barraca. A briga com Tereza volta à memória em ondas, enquanto sinto uma dor impossível no centro da testa. Minha mão alcança o ponto de impacto e sinto um hematoma alto, que provavelmente está muito feio, coberto por sangue seco. Com dificuldade, consigo me levantar e fico sentada.
Imediatamente, me sinto nauseada. Talvez ter me movimentado tão rápido não tenha ajudado, mas desconfio que o que provoca essa sensação seja a corrente de memórias que recuperei há pouco.
Newt e eu estávamos juntos - o que, considerando os últimos dias, não me causava tanta surpresa. Mas nós tentamos fugir. Teríamos conseguido, se Tereza não houvesse tentado nos impedir, da mesma maneira que fazia agora ao entregar nossa localização para o CRUEL.
E, por Deus, Newt e Sonya eram irmãos.
A última informação me provocou uma urgência sem precedentes. Eu precisava achá-lo e lhe contar o que havia descoberto. Mais do que isso, precisava avisar a todos o que Tereza tinha feito, para que pudéssemos ter uma mínima chance de tentar fugir.
Ignorando a dor e a náusea, me levantei em um impulso. Minha cabeça girou e tive a impressão que voltaria ao chão, mas me obriguei a recuperar o equilíbrio e continuar. Saí da barraca aos tropeços, sendo engolida pela escuridão da noite. Ao perceber que já havia anoitecido, meu estômago afundou; haviam se passado mais horas do que eu imaginara.
Comecei a andar por entre as barracas em busca de uma pessoa, qualquer pessoa, a quem alertar. Foi só então que percebi que o acampamento estava deserto e as conversas, antes tão presentes, haviam cessado.
A cada barraca que passava, olhava rapidamente seu interior para verificar se alguém estava lá. Mas nem sinal de qualquer alma viva. Enquanto andava, comecei a me aproximar do centro do assentamento, o mesmo local em que, há algumas horas, fomos tão gentilmente recebidos. Foi nesse momento que, há alguns metros, um helicóptero sobrevoou parte da área do acampamento.
Me abaixei e comecei a correr o mais rápido que podia nessa posição, buscando abrigo. Enquanto me aproximava do centro, comecei a ouvir vozes. Primeiro, elas me soaram incompreensíveis. Mas logo comecei a compreender pequenas discussões, seguidas de barulho de gente apanhando.
Estava feito. Com lágrimas ameaçando cair de meus olhos, me dei conta de que o CRUEL já havia nos alcançado.
Continuei a me aproximar do local que parecia ser onde todos estavam reunidos, mas mais devagar do que antes. Me escondendo atrás de barracas e carros espalhados, tentei adquirir visão do que estava ocorrendo.
E foi então que os avistei. Sufoquei um grito quando vi Newt, acompanhado de Minho, Thomas, nossos amigos e o resto das pessoas do assentamento, ajoelhado há alguns metros, sob a mira de soldados armados. Meu primeiro impulso foi o de correr até ele, mas me controlei, sabendo que isso não o ajudaria em nada. Precisava pensar em alguma forma de tirá-los de lá.
Minha concentração nesse plano ia bem, à medida que eu avaliava as possibilidades do que fazer. Até que ouvi uma voz muito conhecida dizer:
- Encontrem Maya. Não podemos sair daqui sem aquela fedelha.
Com uma rapidez que ameaçou machucar o meu pescoço, minha cabeça virou na direção da voz de Janson e meu foco em tirar meus amigos daquela situação começou a se dissolver.
Lá estava ele. O criador de todos os meus problemas. A pessoa que, repetidamente, esmagou minha liberdade e as pessoas que eu amava. O homem de quem eu sonhava me vingar. O pai que eu sonhara tantas vezes em torturar, por mais que relutasse em admitir o quanto isso me traria satisfação.
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The Maze Runner: Love Trials [1]
Novela Juvenil"Estou no mesmo corredor de sempre. A garota está lá. Longe demais para que eu consiga tocá-la, mas perto o suficiente para que eu veja a manchinha azul em seu olho. - Você devia ter corrido. Por que não correu? - ela sussurra - Eu não consigo ir...