Capítulo 16: A verdade

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Maya

Todos ficaram em silêncio. Alguns metros à minha frente, notei um olhar alerta no rosto de Maddie. Eu não sabia como introduzir aquela história, então apenas comecei, sem muita cerimônia.

- O CRUEL consegue as crianças para os testes de diversas formas. - comecei - Alguns pais entregam os filhos por espontânea vontade, seja na tentativa de lhes dar uma oportunidade melhor ou só porque querem se livrar do fardo de criar alguém num mundo desses. Mas algumas crianças o CRUEL caça. Foi o que aconteceu comigo. Janson me caçou pessoalmente. E ele matou toda a minha família friamente apenas para conseguir me levar.

Parei por alguns segundos, tentando desfazer o nó que ameaçava se formar na minha garganta. Todos permaneceram calados.

- Eu tinha uma irmã. Julia. Era 3 anos mais velha. Quando eu tinha 8 anos e a Julia, 11, nós duas ficamos muito doentes. Minha mãe ficou desesperada, porque ela sabia o que era. Fulgor. - meus olhos começaram a encher de lágrimas e a dinâmica da gravidade naquele momento não me ajudou muito - Um adulto com Fulgor é um problema enorme. Mas as crianças... são mais frágeis. Pioram mais rápido. E foi o que aconteceu com Julia. Mas não comigo. Enquanto minha irmã piorava, eu comecei a ficar melhor após algumas semanas. Foi assim que eu descobri que era imune. E foi assim que me tornei um alvo do CRUEL.

Ficava cada vez mais difícil continuar. Levei as mãos ao rosto, secando as lágrimas e tentando fazê-las parar de cair.

- Maya - Newt falou baixinho - não precisa. Já basta.

- Tá tudo bem - funguei. - Eles davam um jeito de monitorar as crianças infectadas para ver se alguma delas reagia de maneira diferente. Tinham espiões em todos os lugares. E, depois que eu melhorei, eles vieram atrás de mim. Minha mãe, é claro, não ia me entregar facilmente. Mas ela não tinha como fugir com duas crianças se uma delas estava tão doente.

Não consegui mais conter e deixei o choro fluir junto com as minhas palavras.

- Eles vieram no meio da noite. Invadiram a casa. Minha mãe me arrancou da cama e saímos imediatamente, mas sem a Julia. Eu não entendia o que estava acontecendo e não conseguia parar de gritar. Julia... ela estava com tanto medo. Não queria ficar sozinha. Veio atrás de nós. Mas minha mãe não podia levá-la. Ela precisava me proteger e minha irmã só ia piorar. Por mais que isso doesse mais que a morte pra minha mãe, a deixamos para trás.

- Maya - Aris sussurrou. Ele também estava chorando.

- Eu e minha mãe corremos por quase uma hora, antes de encontrar um lugar para nos esconder até o CRUEL ir embora. O problema é que Julia continuava a nos seguir. Ela quase conseguiu nos alcançar, mas depois que nos escondemos ela nos perdeu de vista. Não sabia nos encontrar, nem voltar pra casa, então só ficou lá. Eu conseguia vê-la, mesmo escondida. Queria chamá-la. Mas minha mãe não deixou. Até que o CRUEL a achou, largada no meio da rua. Ainda me lembro de Janson descendo do carro - minha voz falhou - Ele andou lentamente até minha irmã, deitada no meio da rua. Sacou a arma e sem hesitação colocou uma bala no meio da cabeça dela.

- Desgraçado - Caçarola falou, provavelmente sem perceber.

Olhando ao meu redor, percebi que todos os meus amigos pareciam tão enjoados quanto eu me sentia. Mas ainda não havia acabado.

- Eu encarei de longe o corpo da minha irmã durante horas, até ser seguro sair. Assim que houve uma oportunidade, minha mãe me arrastou para fora de lá. Fugimos, mas nunca foi o suficiente. Mudamos constantemente de local, mas nenhum lugar era seguro o suficiente. Janson sabia que eu era imune, então ele não ia descansar até conseguir pôr as mãos em mim. E quando eu achei que não podia piorar, 2 anos depois da morte de Julia, minha mãe ficou doente.

The Maze Runner: Love Trials [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora