Capítulo 33: Lembranças reveladas - parte 2

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Maya

A cena muda.

Adentro a sala de cabeça baixa e a passos contidos. Sento-me em um dos sofás e, durante algum tempo, observo todos ao meu redor. Estou em uma das áreas de convivência dos objetos de estudo, um dos poucos ambientes em que nos deixam ter algumas atividades de "lazer". Podemos ler, jogar e pintar, mas não devemos conversar com a mesma pessoa por mais de cinco minutos. Pelo menos não enquanto os guardas estão olhando.

Após alguns minutos, avisto Madeline em um dos cantos da sala. Está debruçada sobre um livro que, quando me aproximo, descubro que é sobre agricultura. Sento-me ao seu lado e, ao notar minha presença, Maddie diz:

- Plantas são tão interessantes. Principalmente as de comer. Queria que tivéssemos espaço para plantá-las.

Franzo a testa, escondendo um sorriso. Madeline é uma garota tranquila e curiosa, pelo pouco que a conheço, e parece sempre estar estranhamente interessada em comida, suas origens e seu preparo.

- Não acho que essa seja uma das prioridades do CRUEL no momento - respondo baixinho.

- Eu sei - ela dá de ombros. - Eles são uns bocós.

Escondo outro sorriso, aproveitando para perguntar-lhe sobre o assunto que queria tratar.

- Maddie - começo. - Onde está Lizzy?

Há algumas noites, após Newt me beijar (cócegas no estômago novamente ao lembrar), havíamos decidido definitivamente fugir. Eu ainda tinha medo - na verdade, estava aterrorizada somente ao pensar no que poderia acontecer caso nos pegassem. Mas o beijo de Newt - junto da certeza de que ele era, agora, a única pessoa que eu poderia confiar no mundo - acendeu algo dentro de mim.

Nas madrugadas seguintes, discutimos nosso plano. Daqui a dois dias vamos nos encontrar nas tubulações de ar e vamos fugir. Não sei bem por onde, mas Newt dizia saber e eu confiava nele. A última coisa que faltava era deixar Lizzy a par do plano. Antes de fugir, iríamos buscá-la para ir conosco e eu precisava avisá-la. Maddie era uma de suas colegas de quarto e, por isso, uma das mais indicadas para me dizer onde ela estava agora.

Mas meu estômago se revirou ao ver o olhar sério e abatido de Madeline.

- Madeline - chamo. - O que houve?

- Ah, Maya... - ela suspirou.

Ela parecia ter dificuldades em continuar. Maddie estava acostumada a receber perguntas minhas sobre Lizzy. Não sei se ela sabia que o meu interesse se dava através de Newt, mas ela sabia que eu me importava com o que acontecia com a pequena garota de cabelos loiros.

- Diga logo! - pedi.

- Lizzy estava cada vez mais distante de todas nós. Aparecia em menos atividades, ficava menos tempo aqui nos espaços de convivência... a cada dia, eles inventavam um novo teste pra ela e ela passou a ficar pouco tempo conosco. E então... - ela continua incerta - Ah, Maya! Há algumas noites, eles vieram e a levaram. Levaram Lizzy e ela nunca mais voltou.

A cena muda.

Estamos no vestiário feminino novamente. Newt está ao meu lado e, dessa vez, não nos importamos se alguém pode entrar e nos flagrar.

- Depois que as luzes se apagarem, eu vou te buscar - ele diz suavemente, acariciando o lado direito do meu rosto.

- Como vamos sair? - pergunto. - As portas sempre se trancam quando as luzes apagam. Não temos um cartão para sair.

The Maze Runner: Love Trials [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora