Capítulo 31: Confronto

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Maya

Resisti ao impulso de entrar demonstrando toda a raiva que me tomava naquele momento. Tereza estava contatando o CRUEL, dizendo-lhes exatamente onde nos encontrar, mesmo que tivéssemos passado os últimos dias matando e morrendo para fugir deles. Minha vontade era entrar naquela barraca aos gritos, arrancar o rádio transmissor de suas mãos e espatifá-lo no chão.

Mas não foi isso que fiz. Entrei com passos silenciosos, analisando o que encontraria ali dentro. A garota estava de costas para mim, a cabeça ligeiramente inclinada para baixo e ela parecia segurar o rádio contra o peito. Não falava mais nada, o que queria dizer que, o que quer que tenha dito, já era tarde demais. À essa altura, Janson e todos do CRUEL deveriam saber onde estávamos.

- Por que você fez isso? - perguntei baixinho.

Apesar do volume da minha voz e da calma que eu expressava com dificuldade, a morena se assustou e virou-se para mim num movimento brusco.

Seus olhos estavam um pouco molhados e uma lágrima escorria de um de seus olhos, a qual ela limpou rapidamente. Parecia assustada e abriu a boca algumas vezes antes de, finalmente, falar.

- Maya... - ela sussurrou incerta. - O que está fazendo aqui?

- Por que você fez isso? - questionei novamente.

- Eu... bem, eu... - e, então, algo mudou em seus olhos. Talvez tenha decidido negar até quando conseguisse, porque, em seguida, falou: - Do que está falando?

Como se eu não fosse perceber, Tereza deslizou o rádio transmissor para a parte interna de seu casaco, guardando-o em algum bolso. Esfregou os olhos, enxugando-os, e fungou. Ao perceber que eu não estava muito inclinada a lhe responder, disse:

- Estou tão cansada. O percurso até aqui e tudo que aconteceu nos últimos dias... simplesmente me esgotou. - ela cruzou os braços frente ao corpo, na tentativa de proteger o que guardava em seu casaco. - Entrei aqui para descansar um pouco. Lá fora estava tão barulhento.

Permaneci parada na frente da entrada da barraca, pronta para impedi-la, caso tentasse escapar.

- Você estava com os seus amigos, não é? Vi vocês mais cedo. Pareciam felizes. - a garota falava desenfreadamente, provavelmente tomada pelo nervosismo de ter sido pega. - Newt estava com vocês?

- Já chega, Tereza - falei por fim, cansada de sua enrolação. - Eu vi o que você tinha nas mãos, por mais que tente esconder. Era o rádio transmissor que o capanga de Jorge usou para chamar Janson, não era? Ouvi você falando antes de entrar.

- O que você ouviu? - perguntou, enfim.

- Coordenadas. Você estava dizendo onde eles poderiam nos encontrar, não estava?

Outra lágrima escorreu por seu rosto.

Por que você fez isso? - repeti pela terceira vez, agora mais alto e com mais raiva.

Ela ficou calada por alguns segundos. Secou rapidamente a lágrima que havia escorrido e fez o mesmo com a seguinte, mas em poucos instantes eram tantas que ela apenas desistiu e as deixou molhar suas bochechas.

- Você não entende! - ela respondeu em um sussurro ferido.

- Não entendo como alguém é capaz de trair todos os seus amigos e as pessoas que a ajudaram a escapar da morte? É claro que não entendo! - gritei, me descontrolando por um momento.

Respirei fundo algumas vezes. Não queria perder o controle. O que quer que acontecesse em seguida, queria estar tão calma quanto pudesse. O passado havia me provado que, em situações assim, tenho tendência a me precipitar e colocar as coisas a perder se me permitir ser tomada pela raiva e pelo ódio.

The Maze Runner: Love Trials [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora