Maya
O que se seguiu foi uma confusa que não consegui compreender totalmente.
Jorge gritava enquanto acelerava pelo espaço à frente, completamente dominado pela adrenalina. O brado ecoou dentro da minha cabeça, me desorientando. Quando atingimos barracas, caixas e tudo mais que se colocava no nosso caminho, meu corpo foi jogado de um lado para o outro dentro da cabine do caminhão e devo ter batido a cabeça no vidro da janela umas duas vezes. Me segurei como podia, mas não adiantou de muita coisa.
Então, os objetos à nossa frente deram lugar a pessoas e por uma fração de segundo temi que Jorge fosse atropelá-las. Percebi que não me importaria se fossem soldados do CRUEL, mas não queria que ninguém do Braço Direito se machucasse.
Algumas das pessoas foram espertas e se jogaram para fora do caminho. Outras - soldados inimigos -, ainda que não tenham sido atingidas pelo caminhão, nos apontaram armas e começaram a atirar. Baixei a cabeça instintivamente, torcendo para que nenhum deles atravessasse o parabrisas e acertasse a minha cabeça ou a do motorista ao meu lado.
No meio do caminho, passamos por nossos amigos e notei que tínhamos intervido bem a tempo: Thomas ainda segurava o gatilho da bomba, mas não o havia acionado. Ao lado dele, encontrei Newt e tentei cruzar meu olhar com o dele, mas não acho que ele tenha me visto; estava aturdido demais com a cena para talvez notar que eu fazia parte dela.
Depois de olhar para ele, olhei para Maddie e ela sim tinha me visto. Seu olhar demonstrava confusão e ela tinha a testa franzida, como se perguntasse "que droga é essa que vocês estão fazendo?". Queria respondê-la, mas nem se gritasse ela seria capaz de me ouvir.
Então, antes que eu pudesse elaborar qualquer tentativa de me comunicar com meus amigos, meu corpo foi jogado para a frente, de encontro ao painel do caminhão, e depois de volta para o banco, com mais uma batida no vidro da janela de brinde. Minha visão se turvou por alguns instantes, enquanto o movimento que o veículo fazia e o barulho de um impacto me diziam que provavelmente havíamos atingido mais alguma coisa - e, dessa vez, era algo grande demais para simplesmente passarmos por cima.
Minha visão voltou ao normal, enquanto, aos solavancos, o caminhão perdia velocidade. Ao olhar para frente, descobri que havíamos batido em um helicóptero que antes estava parado no local. Com o impacto, o helicóptero foi lançado para frente e, à medida que descia terreno abaixo, suas hélices se despedaçaram, sendo lançadas contra a multidão que estava ali perto.
O caminhão parou totalmente e imediatamente eu e Jorge saímos de dentro dele. Desci cambaleando, me perguntando o quão ferrada minha cabeça deveria estar depois de tantas pancadas - a de Tereza e as do caminhão -, ao mesmo tempo que fazia uma prece silenciosa de que ninguém que eu amava tivesse sido atingido pelos destroços do helicóptero.
Precisei parar por um momento para recobrar o equilíbrio e aproveitei para entender o que se desenrolava à frente. Com a interrupção que Jorge havia criado, o caos havia se instaurado. Pessoas corriam para todos os lados e tiros eram disparados a esmo.
Ao longe, enxerguei meu grupo de amigos e me movi em direção a eles. Em algum lugar à minha direita, Jorge atirava - onde diabos ele encontrou uma arma e por que não a usamos antes? - em um soldado do CRUEL. Corri aos tropeços, enquanto tentava não perder meus amigos de vista. Esbarrei com tantas pessoas que nem contei e caí algumas vezes.
Quando estava a alguns metros deles, entretanto, me vi obrigada a fazer o movimento contrário e recuar. Porque entre eu e meus amigos havia um grupo de soldados do CRUEL e Thomas havia tido a brilhante ideia de se defender deles explodindo a bomba que antes segurava nas mãos.
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The Maze Runner: Love Trials [1]
Teen Fiction"Estou no mesmo corredor de sempre. A garota está lá. Longe demais para que eu consiga tocá-la, mas perto o suficiente para que eu veja a manchinha azul em seu olho. - Você devia ter corrido. Por que não correu? - ela sussurra - Eu não consigo ir...