Capítulo 04

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A jovem pouco dormiu depois do fatídico sonho. Não demorou muito para que o sol anunciasse o início de mais uma manhã. Exausta e indisposta, Bela resolveu ficar na cama. Até tinha planos de explorar e conhecer melhor o castelo, mas com Eliott permeando seus pensamentos, qualquer vontade de sair do quarto esvaiu-se. O ancião estava preso e a mercê de Lucian. A única opção de liberdade oferecida pelo príncipe foi o casamento, e Bela com certeza não queria isso. Tinha de haver outra forma.

Precisava haver outra forma.

O tempo passou e a moça seguiu deitada. Mesmo cansada, a insônia não permitia que ela dormisse. Tudo o que pôde fazer foi encarar o teto do quarto com desânimo. E assim ela ficou até ser surpreendida pelo repentino som estridente do relógio na parede, apontando exatamente para meio-dia. A jovem espantou-se com a velocidade que o tempo passou. Junto com a surpresa veio a fome. Isso a fez lembrar imediatamente do sino situado no criado-mudo, ao lado da cama. Lembrou-se também das palavras do anfitrião na noite passada.

Sempre que precisar de alguma coisa, você tocará aquele sino dourado ao lado do criado-mudo e dirá o que deseja; seu pedido será atendido o mais breve possível.

- Como será que isso funciona? Eu apenas chacoalho, digo o que quero e a comida vai aparecer em um passe de mágica?

Bela inspecionou o objeto com interesse antes de sacudi-lo três vezes e dizer:

- Eu gostaria de algo para comer – teria terminado a frase aí, mas percebeu que o pedido fora vago –, de preferência, frango com purê de batata e um suco de laranja.

Ela colocou o sino novamente no criado-mudo e esperou. Não muito tempo depois, ouviu batidas em sua porta.

Bela caminhou até lá e esperou ver o anfitrião do lado de fora, porém tudo o que viu foi uma mesa com duas bandejas e uma jarra, encobertas por um pano vermelho.

Ela olhou para a direita e para a esquerda, tentando encontrar a pessoa que trouxe o almoço, mas não avistou ninguém. Será que o anfitrião ordenou a quem tivesse ido lá que não poderia ser visto por ela?

Será que ele foi pessoalmente deixar a comida e foi embora antes dela abrir a porta para evitar que seu rosto fosse visto?

Tudo no castelo acontecia de forma misteriosa e estranha.

Abandonando o questionamento, Bela trouxe a mesa para a beira da cama, retirou o pano vermelho e viu tudo o que pedira minutos atrás diante de seus olhos, com aparência muito suculenta, que a fez ter água na boca.

Bela comeu tanto que caiu em um profundo sono logo em seguida.

Quando abriu os olhos novamente, o céu já não estava tão iluminado. Aturdida, a jovem olhou no relógio; os ponteiros indicavam 18h30. Ao ir até a janela, viu que o sol estava quase se pondo. Faltava pouco tempo para o jantar com o anfitrião começar. Havia dormido demais.

Apesar da culpa pelo sono prolongado em um horário impróprio, sentiu-se mais disposta, visto que na noite anterior não descansou mais que duas horas.

Bela logo percebeu que a mesa com as bandejas que usara para almoçar não estavam mais lá. No lugar, havia um vestido azul royal pendurado num cabide. Em perfeito estado, não possuía nenhum amarrotado. As bordas eram adornadas com pérolas e o tecido parecia ser da melhor qualidade. Quando Bela se levantou e ficou à frente da vestimenta, soube que caberia exatamente em seu corpo esbelto.

Afinal, como ele sabia o tamanho que ela vestia?

"Acho que ele está querendo mais do que apenas jantar comigo", concluiu. O pensamento a deixou em alerta, pois havia um agravante. Se o vestido estava lá, quer dizer que alguém entrou no quarto enquanto dormia.

O Monstro do CasteloOnde histórias criam vida. Descubra agora