Capítulo 06

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Os dias passaram e Bela seguiu a rotina de jantar com Hector em todas as noites. Antes de cada novo encontro, um novo vestido surgia em seu quarto para usar na ocasião. A jovem seguiu ignorando-os, vestindo somente os simples trajes que encontrava no guarda-roupa.

Os presentes a deixavam cada vez mais desconfiada. Todos os vestidos eram demasiadamente bonitos e indicativos de um cortejo por parte do anfitrião. Não que uma mulher não gostasse de ser cortejada por alguém com presentes caros e luxuosos, mas a situação ali era totalmente diferente. Mesmo convivendo com o misterioso dono há mais de uma semana, ela não sabia praticamente nada sobre ele - a não ser seu nome. Isso lhe incomodava demais. Além disso, o anfitrião ainda se recusava a mostrar sua verdadeira aparência. Mesmo não tendo mais tocado no assunto, a dúvida pairava pela mente de Bela, e a irritação se tornou cada vez mais evidente. Ela tentava não demonstrar esses sentimentos a ele, afinal, gostasse ela ou não, Hector tinha total direito de fazer o que estava fazendo, mesmo que tal atitude fosse risível aos olhos dela.

Depois de dias e dias nessa rotina misteriosa e cansativa, Bela decidiu novamente tentar convencer Hector a revelar o que escondia por trás do capuz.

As horas passaram, até que o momento do jantar chegou. No horizonte já não se via mais o sol; no relógio, dezenove horas em ponto.

Bela sempre era a primeira a chegar à sala de jantar. O anfitrião aparecia minutos depois. A jovem concluiu ser uma estratégia para evitar que ela pudesse o pegar de surpresa e assim conseguir ver sua verdadeira aparência.

***

Uma visita cairia bem no momento.

Caminhando apressado, Zarius percorreu por alguns corredores até chegar a uma escadaria. Na parede, à direita, três tochas acessas repousavam lado-a-lado, iluminando o recinto soturno. O Talentoso tratou de pegar uma das tochas e prosseguir o seu caminho. Degrau por degrau, ele desceu a um andar subterrâneo, chegando no calabouço.

Revestido de pedras espessas e escuras, o local era iluminado por um agrupamento de tochas penduradas nas paredes. Isso dava um ar lúgubre ao recinto, que no qual Zarius pouco se importou.

O segundo em comando dos Cavaleiros Reais dirigiu-se até uma espécie de recepção, que era basicamente formada por um grande balcão de pedra. Atrás havia um largo e grande corredor, local onde ficavam as celas dos prisioneiros.

- Olá, gostaria de visitar o prisioneiro 6275 - disse Zarius para a pessoa atrás do balcão, que estava sentada lendo um livro, completamente distraída.

Era um homem. Aparentava ter trinta e poucos anos, vestia roupas pretas simples; corpo esbelto, de altura média e possuía expressão cansada no rosto.

- Você tem vínculo familiar com o criminoso ou um mandato? - Perguntou sem olhar para quem se encontrava do outro lado.

- Não.

- Apenas familiares ou pessoas com mandatos carimbados podem visitar os presos - o homem respondeu como se já tivesse repetido essa frase centenas de vezes no dia.

- Ou guerreiros de elite que fazem parte dos Cavaleiros Reais de Zordium - completou o Talentoso, impaciente.

A resposta fez o homem tirar a atenção do livro para encarar a pessoa que estava atendendo. Ao ver com quem estava falando, seu corpo imediatamente enrijeceu. No rosto, o nervosismo ficou evidente.

- Eu sou Zarius, o Talentoso, subcomandante dos Cavaleiros Reais de Zordium. Deveria ter me reconhecido logo quando cheguei.

- Me desculpe pelos maus modos, senhor, não foi a minha intenção - o homem se retratou de forma desajeitada e então pegou um caderno empoeirado debaixo do balcão. Ele abriu o caderno e começo a folhear as páginas. - Deixe-me ver... prisioneiro 6275. Ele está na cela...

O Monstro do CasteloOnde histórias criam vida. Descubra agora