Um forte e violento farfalhar de espadas ecoou no salão. Ambos os Cavaleiros Reais iniciaram a luta com muita agressividade. Inteiro fisicamente, West partiu para a ofensiva engatando uma sequência alucinante de golpes. Todas as investidas, porém, foram retidas por Zarius, que se concentrou inicialmente em desviar dos ataques do oponente. A estratégia era clara: Encontrar o momento oportuno para contra golpear.
O momento, entretanto, não apareceu. O Líder foi cuidadoso com a retaguarda e impossibilitou que o adversário encontrasse uma brecha em sua defesa.
Percebendo que o embate não resultaria em nada, ambos se afastaram e voltaram a se encarar. Caminhando em círculos a uma distância considerável, eles se estudaram mais uma vez, em silêncio. O Talentoso aproveitou para tomar um pouco de fôlego e tentar sua primeira ofensiva.
Zarius correu até West com proposital lentidão e deixando bem claro onde iria atacar. Ele mirou o coração do Líder, que prontamente posicionou sua espada para proteger a região. O subcomandante foi suprimido com facilidade e decidiu se afastar novamente para ganhar terreno.
- Só isso? – West debochou. – Você tenta um golpe depois se afasta para tomar fôlego? Que patético.
Zarius teria dado um sorriso convencido em resposta, mas optou pela inércia. Seria bom deixar que seu adversário acreditasse que ele estava no limite físico. Além do mais, a investida anterior não fora um fracasso, e sim o contrário. O Talentoso fez o que chamava de "Ataque de Reconhecimento". Trata-se de uma tática para entender melhor como seu adversário vai se defender. E a forma como o golpe foi retido o ajudou a montar uma estratégia para derrotar West em sua própria defesa.
O Líder posicionou sua espada para absorver o impacto do golpe quando ele ainda estava em corrida. Se Zarius optasse por mudar na última hora o local da investida, West teria claras dificuldades para reagir e evitar o ataque. Ou seja, sua defesa só era efetiva quando ele estava no controle das ações da luta. Se o adversário for mais impetuoso, seu resguardo ficaria comprometido.
Isso era bom e ruim para Zarius. Bom pelo fato dele ter entendido rápido como West se portaria no embate. Mas também ruim, pois a solução para vencer o duelo estava justamente em algo que lhe faltava no momento.
Energia.
Para adotar um estilo de luta agressivo, seria necessário o uso de muita força física, pois tratava-se de uma estratégia que exigiria muita energia em pouco tempo. E vigor era algo que ele tinha de usar com sabedoria, pois não restava tanto.
Encontrar o momento oportuno para contra-atacar já seria difícil. Encontrar o momento oportuno para imprimir um ritmo impetuoso de investidas nas condições atuais seria mais difícil ainda.
Como vencer um combate contra alguém extremamente qualificado e descansado como West?
- Vai ficar aí o dia todo? – O Líder instigou. – Você pediu tanto por esta luta para ficar na defensiva?
- Se quer tanto acabar comigo, porque não tenta? – Zarius retrucou, abandonando seu dilema momentaneamente. – Vamos, me mostre tudo o que sabe.
West correu e investiu mais uma vez contra o Talentoso.
Lucian observava atentamente a luta, analisando todo e qualquer movimento. Parecia estar gostando do embate. Já Aubrey tinha semblante preocupado. Ele sabia que Zarius era infinitamente melhor que o comandante, mas seu cansaço poderia ser determinante para o resultado do confronto. Hector e Bela permaneciam juntos. A jovem, tensa, se encontrava a frente da Fera, assistindo a luta com as mãos na boca. As patas de Hector repousavam nos ombros dela na tentativa de tranquiliza-la. Porém, a calmaria era algo inatingível nessa situação. Afinal, eles sabiam que uma derrota de Zarius praticamente decretaria a morte deles.
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O Monstro do Castelo
FantasyEste livro integra a série As Crônicas de Zordium, mas pode ser lido de maneira independente. Para não ter de casar com o desprezível príncipe Lucian, Bela decide fugir, mas acaba perseguida pelos Cavaleiros Reais do reino. Ela se vê em grandes apur...