Capítulo 09

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Enquanto Hector preparava o chá, Bela tentou se levantar da cama. Assim que colocou os pés no chão, a perna machucada imediatamente fraquejou por conta da dor. Era um incomodo considerável, mas não forte o suficiente para lhe impedir de levantar. Por outro lado, o braço machucado já não doía tanto, apenas formigava vez ou outra.

Quando ficou de pé, a jovem usou o apoio da cama para manter o equilíbrio. Por ter ficado muito tempo deitada, era normal encontrar dificuldades em se estabilizar numa outra posição. Com o tempo ia melhorar, assim ela esperava.

Bela tirou a mão do apoio e tentou se equilibrar sozinha. Conseguiu. Ao ver que não teve maiores problemas para ficar de pé, se sentiu confiante o suficiente para tentar caminhar.

Quase caiu na primeira tentativa.

Bela então parou, respirou fundo e tentou novamente, buscando movimentar seus membros inferiores de forma cadenciada. Um. Dois. Três passos. Todos com muita cautela. A cada movimento, a perna machucada doía, mas não ao ponto de obriga-la a mancar, desde que caminhasse com paciência.

Sua cabeça ainda latejava, mas o chá que Hector estava preparando provavelmente lhe faria melhorar. Bela se sentia exausta, mesmo tendo acabado de acordar. Sabia que o cansaço vinha da fome. Precisava comer algo com urgência para recuperar as energias.

Repentinamente, a porta do quarto foi aberta e Hector entrou. Ele tinha uma pequena xícara com chá em mãos... ou melhor, em patas. Bela se surpreendeu ao ver como ele conseguia segurar o objeto com tanta firmeza mesmo que seus membros fossem bem maiores do que uma mão humana comum.

- Bela, você não devia estar se esforçando assim. Não vai lhe fazer bem - alardeou o anfitrião ao perceber que sua hóspede não estava repousando na cama.

Havia também tom de repreensão em sua voz.

- Não, está tudo bem – a moça assegurou para acalmar Hector - Ainda dói um pouco, mas não tanto quanto eu imaginava.

- Por favor, sente-se - ele pediu, indo até ela.

Hector colocou a xícara de chá no criado-mudo e foi ajudar Bela. Suas patas seguraram com gentileza o corpo da jovem, conduzindo-a com calma até a cama. Ao vê-la sentada, esboçou um breve e tímido sorriso e entregou-lhe a xícara.

- Obrigada.

- Beba, isso fará você se sentir melhor.

Antes de tomar o primeiro gole do chá, Bela voltou a prestar atenção na enorme ferida no peito do anfitrião. Quatro linhas diagonais se estendiam pela parte superior do tórax. Claramente eram marcas de garras. A região atingida estava com poucos pelos e ainda não havia cicatrizado. Apesar da aparente gravidade, Hector não demonstrava estar incomodado.

Ou pelo menos não queria mostrar isso para ela.

- Esse ferimento - ela começou hesitante - foram os lobos, não foram? - Perguntou com uma das mãos levantadas, apontando para a região machucada.

- Sim - Hector respondeu indiferente. - Não se preocupe com isso, vai sarar em breve.

- Você tratou esses ferimentos?

- Bem, não exatamente. Eu só limpei o sangue da região – admitiu abaixando a cabeça para inspecionar seu tórax.

- Deveria ter feito mais que isso. Essa ferida pode infeccionar, se é que já não está. – Agora foi a vez de Bela o repreender.

- Eu sei, mas você estava bem pior do que eu. Cuidar de você era prioridade – o anfitrião se justificou.

- Eu já estou melhor agora. Mas seus machucados não parecem ter melhorado muito. Onde está o kit médico? Deixe-me cuidar disso - ela pediu.

O Monstro do CasteloOnde histórias criam vida. Descubra agora