Hector, Zarius e Bela caminharam pelo corredor com cautela. O subcomandante dos Cavaleiros Reais empunhava sua espada, observando o seu arredor com atenção. O local onde estavam - que em um dia normal teria serviçais andando a passos apressados e nobres conversando trivialidades – se mostrou estranhamente silencioso.
- Onde estão os empregados e os guardas? – Hector perguntou, intrigado com a quietude.
- Eu adoraria ter a resposta para isso – Zarius redarguiu sem desviar a atenção do caminho a frente.
Com medo de algum ataque repentino, o trio se dividiu da seguinte forma: Zarius ia na frente, liderando o grupo; Bela estava logo atrás, com Hector na retaguarda. Caso houvesse algum ataque surpresa, tanto Zarius quanto Hector poderiam ter maior tempo de reação e proteger Bela, visto que ela não tinha habilidades para o combate.
O remanso do local incomodava, pois deixava uma forte sensação de insegurança. A qualquer momento eles poderiam ser atacados, uma vez que a explosão ouvida antes não deixou dúvidas de que o castelo foi invadido. A questão era saber onde estavam os mercenários.
- Atenção – anunciou Zarius em um repentino sussurro.
- Há alguém se aproximando? – Quis saber a moça.
- Não, mas vejam. – o Talentoso apontou para o chão, alguns metros à frente, do lado esquerdo. Havia uma mancha vermelha impregnada na parede.
- Sangue – a Fera discerniu imediatamente.
- Isso é péssimo, não é? – Bela questionou com desânimo.
- Sim, e está longe de ser a pior parte. – Zarius apontou novamente para frente, indicando o lado direito. Havia uma porta aberta.
- A sala de reuniões – Hector inferiu.
O cavaleiro concordou em silêncio e anunciou:
- Vamos ver se há algo ou alguém que nos ajude a entender melhor a situação.
A passos cadenciados, eles se aproximaram do recinto. O Cavaleiro Real segurou com mais força o cabo de sua espada, esperando por um ataque. Quando ficaram próximos o suficiente, ele usou a mão livre para colocar o dedo indicador na altura da boca, indicando para que Hector e Bela não fizessem barulho. Em seguida, se projetou com agilidade para a parte de dentro da sala, com a espada apontada.
Alarme falso, não havia ninguém no recinto.
Pelo menos ninguém vivo.
- Pelos deuses – a jovem se surpreendeu ao entrar na sala e dar de cara com a figura de um ancião jazido no chão. Angustiada com a cena, ela colocou as mãos na altura da boca para reprimir um grito de horror.
- Eu conheço esse homem – informou o anfitriãor, também horrorizado. – É John Asten. O que ele fazia aqui no palácio?
- Conhecendo sua índole, muito provavelmente ele devia estar em conluio com Lucian – deduziu Zarius. - Mas, no caso dele, as coisas não foram muito bem.
- Se ele está na sala de reuniões, é quase certo que se estava no meio de um encontro com o rei e a rainha – Hector avisou. – Mas eles não estão aqui. Será que foram capturados?
- Não posso afirmar com precisão, mas eu apostaria nesta hipótese – anuiu o subcomandante.
- Se eles foram capturados por aliados de John Asten, como foi que esse nobre morreu? – Bela interveio.
- Uma excelente pergunta – disse Zarius, pensativo. Ele então começou a observar o recinto com mais calma, em busca de alguma evidência. De tanto procurar, achou. Do outro lado da mesa, o Talentoso encontrou uma espada. Porém, não era qualquer tipo de espada.
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O Monstro do Castelo
FantasyEste livro integra a série As Crônicas de Zordium, mas pode ser lido de maneira independente. Para não ter de casar com o desprezível príncipe Lucian, Bela decide fugir, mas acaba perseguida pelos Cavaleiros Reais do reino. Ela se vê em grandes apur...