Bela passou as horas seguintes do dia pensando no que faria dali para frente. Lucian, de alguma forma, soube que ela estava no castelo e enviou alguém para captura-la. Se ele conhecia a fortaleza, então sabia sua localização. Ele poderia chegar a qualquer momento, pessoalmente, ou enviar um novo mercenário para prende-la; logo não era mais seguro continuar lá. Se seguisse morando no castelo, estaria se colocando em perigo, e a Hector também.
Hector...
Havia muita coisa que ela não sabia sobre ele.
Quando esteve próxima de saber mais sobre seu passado, Mursog apareceu de repente.
Aparentemente, tudo estava conspirando para que ela não soubesse mais do que já sabia. Apesar da grande curiosidade, Bela já não se importava tanto. Seu foco atual era definir os próximos passos que daria. Ela ainda era procurada em Menestréia e seu pai estava preso. Precisava pensar em alguma forma de consertar as coisas.
As horas passaram rapidamente e a noite logo dominou o céu. Depois de tanto refletir, Bela enfim tomou sua decisão e estava pronta - na verdade, pronta ela não estava - para comunicar o anfitrião.
A moça caminhou pelo corredor do castelo onde ficavam os quartos principais, buscando o aposento da Fera. No final da trilha, avistou o recinto. Bela se aproximou do aposento até ficar de frente com a porta. De lá, pôde ouvir que o anfitrião estava tocando piano, mais uma vez. Outra canção fúnebre.
Bela então hesitou, pois sabia que o que diria a seguir faria a Fera sofrer; porém, era algo necessário, não havia outro jeito.
A jovem colocou a mão direita na maçaneta, respirou fundo, e abriu a porta.
O dono do castelo ouviu de longe os passos de Bela. Ele apenas a aguardou abrir a porta. Quando isso aconteceu, cessou a canção imediatamente, esperando o que ela tinha para falar.
Hector estava exatamente como na primeira vez em que Bela o havia visto no quarto: de peito nu, usando apenas uma calça preta.
O anfitrião encarou sua hóspede apenas no momento inicial de sua chegada. Após isso, ele olhou para o chão e disse em voz baixa:
- Fez a sua decisão, não fez? – Seu tom denunciava tristeza.
- Sim – respondeu Bela, com voz trêmula, sem entrar no aposento.
- E o que você decidiu?
- Eu vou voltar para a cidade.
A Fera já esperava por essa resposta. Ele se levantou do banco onde estava e a encarou novamente.
- Por favor, não vá embora.
- Desculpe, mas não há outra saída – a jovem se justificou. - Lucian está com meu pai, se eu não voltar e me casar com ele, meu pai sofrerá as consequências. Não posso permitir isso – finalizou com dificuldade, segurando as lágrimas.
- Eu não vou suportar ver você partir e nunca mais voltar.
A Fera então deu um passo para se aproximar de Bela, mas ela recuou.
- Por favor, Hector, não se aproxime – pediu a moça, com voz embargada e os olhos lacrimejando.
- Eu nunca machucaria você, Bela – insistiu o dono do castelo, com ternura. – Não importa a circunstância. Eu preferiria morrer do que fazer isso.
As palavras mexeram com a jovem, mas ela ainda relutava.
- Quando esteve tomado pela raiva... você ficou irreconhecível – Bela observou -; não houve distinção de amigo ou inimigo, você simplesmente atacou, como um animal selvagem. Foi assustador – ela completou, encolhida.
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O Monstro do Castelo
FantasyEste livro integra a série As Crônicas de Zordium, mas pode ser lido de maneira independente. Para não ter de casar com o desprezível príncipe Lucian, Bela decide fugir, mas acaba perseguida pelos Cavaleiros Reais do reino. Ela se vê em grandes apur...