Epílogo

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Despedida

Um dia depois

Era uma manhã de sol, sem nenhum floco de neve à vista no céu. O fim do inverno e a consequente chegada da primavera eram nítidos. A temperatura amena passava sensação de conforto e alívio para quem estava do lado de fora. O espaço era aberto, plano e de terra batida. Lá, haviam cinco pessoas.

William, Hector, Bela, Zarius e Aubrey.

Todos em silêncio.

Um forte vento soprou no local. Os finos galhos das árvores adjacentes farfalharam, rompendo com a quietude instaurada.

Apesar disso, nenhuma voz foi ouvida.

Os cinco estavam agrupados de forma desordenada. William, Hector e Bela mais a frente; Zarius e Aubrey logo atrás. Todos vestiam roupas pretas, um sinal claro de luto. Luto por pessoas importantes que se foram.

À frente deles, duas lápides, cada uma com dizeres específicos:

"Aqui jaz Eliott, um homem plebeu de coração nobre, leal e correto. Sua memória jamais será esquecida".

"Aqui jaz Islani, 73° Rainha de Zordium, que deu a vida para salvar seu filho. O reino se lembrará para sempre do seu altruísmo".

Ainda em silêncio, Bela deixou momentaneamente a companhia de Hector para se aproximar mais do túmulo de seu pai. Suas mãos seguravam um buquê de flores, que foram deixados no sepulcro quando ela se ajoelhou para encarar a lápide. De repente, lágrimas irromperam em seus olhos de forma involuntária. Ela não se conteve, deixou que toda a tristeza fosse externada em meio ao choro e soluços.

Hector abaixou a cabeça, fechou os olhos e suspirou com frustração. Doía vê-la daquela forma, mas não havia nada que pudesse ser feito. Ela perdeu o pai, isso jamais poderia ser reparado. Ocorreu-lhe a ideia de ir até lá confortá-la, mas assim queesboçou o primeiro passo, uma mão segurou seu ombro. Ele olhou para trás imediatamente.

- Esse é um momento que precisa ser somente dela – disse Zarius com condescendência.

Hector não respondeu, ao menos não com palavras. Seus olhos encontraram o chão antes dele voltar sua atenção para a figura de Bela ajoelhada na frente do túmulo de Eliott.

A jovem ficou lá por mais alguns minutos antes de se levantar e voltar para próximo do grupo. Secando as lágrimas do rosto com as mãos, ela seguiu quieta.

Também em silêncio, foi a vez de Hector e William caminharem até o túmulo. Os dois foram a passos lentos até o sepulcro de Islani. Hector ficou de pé, com os braços cruzados e cabeça baixa; já o rei se ajoelhou e deixou flores apoiadas na lápide.

William chorou em silêncio, contido em seu próprio sofrimento. Hector fechou os olhos e se perguntou mais uma vez porque Islani preferiu dar sua vida em troca da dele.

A morte dela foi dolorosa ou tranquila? Rápida ou lenta? Ela sentiu medo?

Essas e muitas outras perguntas permeavam a mente do mais uma vez herdeiro ao trono de Zordium. Questionamentos que provavelmente jamais teriam resposta.

- Essa quietude é tão mórbida – disse Aubrey de repente, ao fundo, observando William e Hector.

- É assim que precisa ser – respondeu Zarius colocando a mão sobre o ombro do Veloz. – Estamos aqui para lembrar a memória de quem era importante para nós e infelizmente se foi.

- O senhor acredita que enfim poderemos ter um reino de paz agora?

- Não – o Talentoso falou com prontidão. – Nunca teremos paz plena, mas com certeza temos uma perspectiva muito mais animadora para o futuro.

O Monstro do CasteloOnde histórias criam vida. Descubra agora