Capítulo 12

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Enfim o clima começou a cooperar.

Os efeitos do inverno rigoroso adiaram em cinco dias o início da jornada de Mursog rumo ao castelo no meio da floresta. Mas agora, com a temperatura mais amena, a missão se tornara possível. Devidamente preparado, o mercenário prendeu a enorme mochila sobre a cela de seu cavalo e montou no animal logo em seguida. Não demorou muito para que ele adentrasse na mata.

Ainda era cedo, o sol nascera há pouco tempo e não nevava. Mesmo assim, a sensação térmica era bastante fria e o mercenário precisou vestir roupas de malha grossa e usar luvas para se proteger da do clima rigoroso. Já seu cavalo não teve a mesma sorte. Sentindo os efeitos do inverno, ele relinchava descontente.

De acordo com suas projeções, chegaria ao castelo indicado no mapa na manhã do dia seguinte. Isso porque ele decidiu que não iria se precipitar. Se forçasse um ritmo intenso, poderia chegar ao local ainda no mesmo dia, antes do anoitecer, mas não havia motivos para pressa. Ele deveria ser prudente e saber esperar. Era uma missão atípica e complicada. Tudo precisava ser feito com extrema cautela.

***

Bela estava entediada.

O relógio acusava duas horas da madrugada e ela ainda não havia conseguido dormir. A noite estava fria, mas não era o clima que a incomodava. Deitada na cama, a jovem pensava em muitas coisas; seu pai, Lucian, sua antiga vida em Menestréia.

E em Hector.

O dono do castelo invadiu bastante seus pensamentos nos últimos tempos.

Bela não via o anfitrião há cinco dias. Desde o incidente com Angus, ele enclausurou-se dentro do quarto e não saiu mais. Nem para o jantar ele apareceu. Tudo o que a jovem teve foi uma carta dele avisando que não apareceria por um tempo.

Os dias sem Hector foram extremamente entediantes.

Quanto mais tempo ele ficava ausente, mais ela se sentia sozinha. É natural sentir falta da companhia de uma pessoa que lhe faz bem. Sem ele por perto, Bela se sentia sozinha e vazia.

Por que ele estava fazendo isso?

Hector era alguém complicado de se entender. Em um momento tudo parece bem, mas depois parece que nada está certo. Apesar da aparência selvagem e imponente, ele sempre se mostrou gentil e atencioso. Mas também inseguro. Essas nuances de personalidade dificultavam que ela o conhecesse melhor. Bela não iria pressiona-lo. Sua vontade era que ele estivesse pronto para se abrir com ela de forma voluntária. Queria ajudá-lo a superar o quer que fosse. Ele merecia isso.

Divagando em pensamentos, Bela notou um som que a fez voltar à realidade. Não era um som comum, tratava-se de uma canção, vinda de um piano, que ecoou em seu quarto. A música aparentemente vinha do outro lado do castelo, mas ainda assim perfeitamente audível. Era uma canção fúnebre, triste e depressiva, típica de alguém que está passando por uma crise existencial. Bela pôde sentir a emoção de cada nota soada através do piano. Uma enorme tristeza invadiu seu ser.

Ela abriu a porta do quarto para ouvir melhor. O ritmo lento da música lhe deixou extasiada, aumentando a curiosidade em ver de onde vinha aquele som.

A cada nota executada, Bela podia enxergar uma trilha imaginária de notas musicais se formando a sua frente. Era o caminho para chegar até a fonte da harmonia. Descalça e usando apenas um vestido branco curto, ela caminhou por diversos corredores sem prestar atenção neles, e parou somente quando descobriu de onde vinha a canção.

Do quarto de Hector.

A jovem imediatamente hesitou. Nunca havia estado lá. Não por falta de vontade, mas porque o anfitrião nunca havia lhe permitido a entrada. Queria muito vê-lo tocando um instrumento tão nobre, pelo qual sempre foi apaixonada.

O Monstro do CasteloOnde histórias criam vida. Descubra agora