Apesar da enorme preocupação com a possibilidade da jovem e o corcel serem reconhecidos por alguém, Zarius não encontrou maiores dificuldades em levar ambos para sua casa. O corcel foi deixado no quintal da moradia, enquanto que para Bela foi oferecido um aposento vago que havia lá dentro.
- Por enquanto estamos seguros – o cavaleiro anunciou seguido de um longo suspiro cansado. Ele, assim como Bela, estava sentado ao redor de uma mesa retangular de madeira, na cozinha.
- Mas Hector não está – a moça afirmou com amargura. – Ele foi atingido porque se jogou na minha frente. Se não fosse por isso ele ainda estaria livre.
- Ficar se culpando pelo o que aconteceu não vai ajudar a resolver as coisas – o talentoso devolveu em tom repreensivo. – Temos de seguir em frente, planejar uma forma de salvá-lo.
- O Bosque da Alvorada, eu nunca tinha ouvido falar deste lugar antes – Bela admitiu. – Onde fica?
- Próximo das minas de ouro desativadas de Menestréia. Uns quatro quilômetros ao norte daqui.
- Estou exausta – a jovem confessou, mudando de assunto.
- A trilha do castelo até aqui certamente foi muito cansativa para você. Precisa descansar – Zarius aconselhou.
Bela apenas concordou positivamente com a cabeça, se levantando da cadeira e indo em direção ao aposento que lhe fora oferecido.
- Ultimamente ando tão ocupado que nem tenho feito comida em casa, mas posso fazer algo para você comer antes de dormir. Uma sopa cairia muito bem – o cavaleiro sugeriu.
- Eu estou sem fome.
- Mas você precisa se alimentar. Amanhã vai ser um dia difícil para você e para mim, então precisamos estar com energia máxima se quisermos ter uma chance de salvar Hector.
- Tudo bem, eu como – a jovem concordou sem muita convicção, mais para não ter de alongar a conversa do que necessariamente por vontade. Mas o cavaleiro estava certo, ela precisava se alimentar.
- Você pode ir para o aposento e se deitar enquanto eu... – O cavaleiro não completou a frase.
Toc. Toc. Toc.
Alguém estava batendo na porta.
O Talentoso ficou imediatamente em alerta. Bela empalideceu de preocupação.
- Não estou esperando ninguém – ele falou em um sussurro.
- Será que é alguém da Guarda Real em minha procura?
- Eu não sei. Espero que não – o Talentoso respondeu desembainhando sua espada. – Vá para o quarto e tranque a porta. Vou ver quem é.
Bela obedeceu ao comando imediatamente e trancou-se no aposento, torcendo para que quem estivesse do lado de fora não fosse alguém disposto a capturá-la. Já Zarius caminhou até a porta com sua espada em mãos. Na porta havia uma pequena abertura que permitia quem estivesse do lado de dentro visse quem estava do lado de fora. Ele colocou o olho direito na abertura para descobrir a identidade do homem ou da mulher que estava parado à porta de sua casa em um horário tão impróprio. Quando viu a face da pessoa, se surpreendeu imediatamente.
***
Quando Hector acordou, percebeu que estava preso em uma jaula numa uma espécie de acampamento. Era noite, mas ele não conseguiu estipular o horário, apenas sabia que era noite pela escuridão que reinava no céu.
- Ah, não - lamentou-se.
Ele sabia que havia sido pego, e isso era péssimo. A última lembrança que tinha era de estar protegendo Bela do ataque das flechas. Ele havia pedido para que ela corresse o mais rápido que pudesse. Esperava do fundo de sua alma que a jovem estivesse bem e segura.
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O Monstro do Castelo
FantasiEste livro integra a série As Crônicas de Zordium, mas pode ser lido de maneira independente. Para não ter de casar com o desprezível príncipe Lucian, Bela decide fugir, mas acaba perseguida pelos Cavaleiros Reais do reino. Ela se vê em grandes apur...