23 - twenty three

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Essas violentas alegrias têm fins também violentos, falecendo no triunfo, como a
pólvora e o fogo, que num beijo se consomem.

William Shakespeare.

Os melhores gritos eram os que se transformavam em soluços.

Pequenos sons de exaltação, puxados de sua garganta como ambrosia, encharcando o cetim do travesseiro.

Jimin tinha a arte de gritar até a última nota. A de Hoseok era ampliar sua cabeça, cem rotações por minuto, apenas para ouvi-lo soltar o menor dos sons. No minuto em que entravam pela porta e a fechadura se fechava, Jimin era dele, preso em seus braços.

Um menino com olhos afiados como o de uma foice, mas com um toque suave como o de um raio de sol sob a pele mundana do colombiano.

Hoseok entende porque as memórias da primeira vez que teve Jimin em seus braços eram turvas. Ele sentia medo do jeito que Jimin o olhava pelos corredores; da forma que seus cílios tremiam com antecedência quando Hoseok chegava ao casarão. 

Mas mesmo assim, ele se tornou pecador.

Em uma noite em questão, Hoseok contemplou um dos seus piores dias como notável líder, já que foi a primeira vez que a polícia encarou sua gangue de frente e fez o país os reconhecer como um perigo. O anonimato não era mais uma opção.

Ele bateu as portas e gritou de ódio ao ver a face do delegado Min Yoongi pela primeira vez na tv, dizendo que não importava quem estava sujando a cidade, logo ele a limparia.

A nuance do ódio acertou seu corpo em cheio, deixando-o ver nada além de cinza e vermelho.

A cabeleira azulada trazendo seu jantar naquela noite que o despertou. Jimin estava no casarão por ordens de Jackson, que dizia que o garoto tinha potencial. Naquela época, Jimin estava tentando entender o que ele era, passando da transição de uma adolescente para um adulto que dizia ter como única ambição, ajudar a alavancar o império dos filhos da morte. Hoseok não lutou contra, pelo contrário, mesmo querendo que Jimin tivesse outro caminho, ele tinha que o manter por perto, com a desculpa de protegê-lo quando sabia que sentia culpa.

Em vez do jantar para tirar o gosto ferroso da raiva da boca, Hoseok pediu um beijo para Jimin.

Não importava o quanto fosse perturbador, mas a lembrança do rosto de Jimin se iluminando com o pedido repentino de Hoseok, ainda rasgava a mente do colombiano em dias comuns.

Jimin era como um pássaro enjaulado, tremendo nos braços de Hoseok ao menor toque, choramingando baixinho enquanto seu pescoço era sujeito a mordidas vorazes que se transformavam em beijos molhados e carícias preguiçosas com a língua. Ele estava enjaulado, mas com Hoseok, ele voou livre.

Em momentos selados de miséria, Hoseok acendia um cigarro e pensava nele; o menino bonito sobre o qual ele via a necessidade confortável de manter por perto, e por quem estava quase apaixonado. Ele não estava, não realmente, a menos que estar apaixonado pelo corpo de alguém pudesse ter um efeito tão intenso em toda a sua psicologia.

Jimin era uma droga, do tipo inalado furtivamente em quartos vermelhos. Sua fumaça perfumada agarrando os pulmões até que tudo que Hoseok pudesse ver fosse ele.

Hoseok se sentava atrás de sua mesa, assistindo vívidas alucinações de Jimin - dezenas delas - se contorcendo, chutando seus papéis sobre compras ilegais de prédios abandonados em Seul, arqueando seu corpo flexível sobre a madeira, gemendo o nome de Hoseok na nota mais aguda que podia.

Cada intervalo de tempo entre o trabalho árduo para se tornar uma grande rede de tríade qualificada para Hoseok, ficava mais difícil. Nenhuma quantidade de masturbação com o pensamento de Jimin funcionava. Mas essas eram as regras. Sem ligações. Sem interações. Sem perguntas. Apenas sexo.

Ecstasy | namkookmin Onde histórias criam vida. Descubra agora