Com a música alta, em seu apartamento luxuoso à prova de som, Jimin fumava seu quinto cigarro de maconha em um curto espaço de tempo desde que Hoseok havia ido embora. Seu corpo estava leve como uma pluma, mas sua mente ainda gritava palavras incompreendidas. Desligou o som, e a calmaria e o silêncio tomou conta do ambiente. Fechou os olhos e flashbacks de um homem gritando consigo, enquanto um outro observava quieto, veio à mente:
"Você foi um mau garoto de novo, Jimin. Terei que te punir e, dessa vez, o seu irmão não estará aqui para te proteger, ninguém vai estar. Ninguém te ama de verdade, ninguém o quer... Mas você sabe disse, não é?"
O homem abria um sorriso sempre que conseguia aquilo: fazer Jimin chorar. Era seu alimento diário, aquelas bochechas gordas, infladas e seus pequenos olhos banhados de lágrimas com os cílios trêmulos.
Seus olhos, agora pequenos pelo efeito da maconha, ficaram ainda menores ao formar uma linha indicando um sorriso. Era patético o quão certo aquele homem estava, nunca seria amado, poderia ele amar mil ou milhões, mas ninguém nunca o amaria de volta. O seu vício pelo amor era algo já não cabível em seu peito. Seus pais foram a prova disso, o seu irmão foi a prova disso e o seu primeiro amor estava sendo a prova disso.
As pequenas lágrimas agora desciam pelo rosto delicado e avermelhado, mas o sorriso não saía dali, o efeito da erva se fazia presente em seus devaneios. A maconha era sua melhor amiga, mas também a que batia em sua cara para dizer o quão patético era. Um garoto jovem, forte e que tinha um império a sua espera. Seria um dia um nome conhecido, pois para isso que fora treinado e estava ali. Mas, agora, se encontrava chorando e lamentando por sentimentos não recíprocos. Sozinho mais uma vez.
Patético ou humano?
Limpou o rosto e jogou a bituca entre os dedos fora, seu corpo estava pesado, não sabia que horas eram, mas as grandes janelas que irradiavam o sol fraco diziam que já havia amanhecido. Deitou no sofá e adormeceu, a única parte de si que sentia era o seu coração sendo esmagado pelo seu subconsciente que gritava que amor é para aqueles que não podem ter o topo, e Jimin podia e ele o teria.
Minutos depois, foi acordado por leves batidas na porta. O peso em suas pernas indicavam que não conseguiria levantar fácil, mas mesmo assim o fez. Seu cabelo desgrenhado e sua camisa de cetim aberta até a barriga mostrava a total bagunça de ter dormindo de forma errônea por alguns minutos. Olhou o celular e viu que marcava seis e quarenta da manhã, seu coração deu uma batida rápida, pensando na simples possibilidade de ser Hoseok novamente ali. A porta continuava a bater, olhou novamente o telefone e viu que não tinha mensagens de ninguém que indicasse que estaria indo até ele, então estranhou e se desanimou. Hoseok sempre avisava antes.
Levantou-se com cuidado e tirou a arma de trás de um quadro falso que ficava ao lado da entrada, a pegou e foi até a porta, olhando pelo olho mágico. Se fosse alguém querendo o matar, essa seria uma boa oportunidade, ele mal conseguia se manter em pé.
E falando sobre querer matar, Jimin era o membro dos filhos da Santa Muerte que mais queriam matar por aí. Sua fama de eliminar aviõezinhos¹ de outras quadrilhas era comentada por todos os traficantes de drogas da região, sempre que um sumia, todos sabiam que era ele. E a carta de tarô do deus da morte deixada em toda cena de crime em lugares que a quadrilha queria deixar claro que estavam sendo os autores de crimes cometidos por eles só deixava evidente: os filhos da Santa Muerte estavam comandando o tráfico, iriam ser os únicos no comando, e "aí" daqueles que se opuserem. Os únicos que eram leigos nesse assunto era a polícia, pois todos os sumiços de membros de gangues não chegavam até eles.
Ou eram o que achavam.
Ao observar pelo olho mágico, franziu a sobrancelha, se afastou e esfregou os olhos para ver se era verdade mesmo. Pegou o revólver, escondeu no cós da calça na parte de trás, ajeitou o cabelo e abriu a porta. A figura alta e acanhada arregalou os olhos e depois os desviou. Parecia mais tímido que nunca, era fofo, mas preocupante. Romantizar a timidez para Jimin não era algo bom, ele tinha seu histórico com isso e o acanhamento só o pôs a perder coisas na vida. O garoto na porta usava um moletom preto e uma calça também preta que tinha muitos bolsos nela. O cabelo já estava na altura dos olhos e pareciam mais macios do que nunca, seu rosto estava tão vermelho que parecia que ele iria explodir a qualquer minuto. Jimin levantou a sobrancelha e respirou fundo. O que estava havendo ali?
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Ecstasy | namkookmin
Fanfiction[concluída] Jung Hoseok, líder de uma quadrilha do narcotráfico de Seul, é mandado em uma missão para pagar uma dívida de seu passado: acabar com um magnata CEO. Seu braço direito, Park Jimin, o ajuda se infiltrando na casa e na vida de Kim Namjoon...