14. fourteen

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Os lençóis sedosos em cima do corpo forte pesavam. O suor descendo pelo rosto adormecido, que continha uma feição franzida, pingava ao decorrer da manhã.

O sonho que Jungkook estava tendo era vívido demais, lúcido como acordar todos os dias. Seu corpo se contorcia em cima da cama que parecia ter se encolhido. As duas mãos grandes passando por seu corpo, esmagava sua pele pálida. A voz rouca que gemia o seu nome, era persistente demais, fazendo tudo parecer real. Mas o choro amargo, no qual Jungkook se lembrava bem, era a pior parte daquele pesadelo.

"Eles vão me levar por sua culpa, Jungkook…"

"Você destruiu a minha vida!"

"Eu odeio você."

E nessa hora Jungkook acordou.

O cabelo preto colava em sua testa úmida. A respiração cortante, que parecia não oxigenar o ar adequadamente, queimava seus pulmões. E pior de tudo, era a culpa instalada em seu peito.

Sentou-se, aninhando as pernas contra o peito exposto. O choro queria vir, mas ele não sabia bem porquê queria chorar.

A imagem de Taehyung ainda presente em sua memória, parecia um castigo que não iria embora tão cedo, e a culpa por tê-lo colocado em problemas também não.

Ele sabia que era errado. Sabia que o que o melhor amigo fez, ou melhor, cogitou em fazer, não teria perdão. A forma que Taehyung agia, como se aquilo fosse o certo assustou tanto Jungkook, que ele pensou que realmente fosse. Acabar com a dor do outro era algo que um amigo faria, certo? Mas ele sabia o quão errado aquilo seria.

Porém, ir até a polícia, denunciar o melhor amigo e fazer ele está sendo caçado por aí, certamente não é algo que um amigo faria.

O garoto permitiu o choro descer, pedindo desculpas para o nada, enquanto desejava que houvesse outro jeito de se resolver as coisas. Ele acreditava nisso. Taehyung não era uma pessoa ruim, nunca o faria mal, mesmo que Jungkook tivesse certeza, por um momento, que ele quisesse.

Limpou o rosto nos lençóis, sentindo a dor de cabeça se instalar gradualmente. O corpo pesava e a noite mal dormida, ajudava em seus sintomas de fraqueza. Gostaria que Namjoon tivesse ouvido seus lamúrios dessa vez, ao pedir um dos comprimidos do remédio que era a única forma de o acalmar. Mas o marido de Jungkook estava com medo. Jungkook nunca viu tanto medo nos olhos de Namjoon e ele se compadeceu ficando lúcido com seu amor, se aninhando até não conseguirem ficar de olhos abertos. Namjoon pedindo desculpas sem cessar e Jungkook sentindo o peso do mundo em seus ombros com aquelas palavras.

Tudo parecia estranho. O garoto sentia o pavor lhe assolar a pele. Queria que tudo voltasse a ser como antes, como quando se casou, onde tudo que ele tinha era a cegueira pelo amor e a felicidade falsa cobrindo-lhe tudo.

Jungkook tinha falta da ignorância que a manipulação de Namjoon fazia sobre ele. Era melhor assim, lhe palpava da dor do mundo à fora.

Ele suspirou ao reparar o lado da cama vazia. Era doloroso pensar que Namjoon havia ido trabalhar mesmo depois de tudo que houve. Mas não iria pensar naquilo. Seu casamento estava desmoronando demais para se martirizar mais.

Levantou-se em passos leves. Sentia sede e suas costas doíam. Precisava de uma boa dosagem de relaxante muscular para conseguir encarar o dia. — Mesmo que seu desejo fosse unicamente dormir.

Sem se importar em vestir uma blusa, ele desceu as grandes escadas de cerâmicas brancas. Coçava os olhos enquanto percorria o caminho até a cozinha, mas parou na metade do caminho, quando ouviu uma voz familiar murmurar coisas com certa irritação. Ele encarou os lados, sentindo um frio lhe percorrer a espinha quando percebeu que sua sala de estar, estava rodeada por seguranças de seu marido. Jungkook tentou se cobrir, querendo perguntar — descortês — o que eles estavam fazendo ali.

Ecstasy | namkookmin Onde histórias criam vida. Descubra agora