8 - Eight.

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- Você vai morrer sozinho. Assim como eu. Porque pessoas como nós, somos destinadas ao sucesso, ao imperialismo, não ao amor... Levante a cabeça para mim, e me prometa. Me prometa amar apenas a si mesmo e a mais ninguém. Me prometa, que construirá o seu castelo e será o rei de tudo. Me prometa, Namjoon, me prometa...

Às quatro e vinte da manhã, Namjoon desperta. Seu coração acelerado, e o suor lhe banhando o corpo, naquela madrugada fria. Ter aquela voz em sua mente, repetindo todas aquelas palavras, faziam seu subconsciente se esquecer de quem era. Do que um dia foi. Precisou de alguns minutos para se recuperar, e voltar a si. Se sentou na beirada da cama, sentindo o corpo estremecer pelo frio que lhe tomava.

Odiava aquela sensação que lhe fervia por dentro. Odiava ter que pensar naquelas palavras, e sua mente sempre o traía, sempre o fazia voltar para aquela promessa que fez... E não cumpriu.

Passou mais tempo, olhando para a claridade que tomava as vidraças de seu quarto, indicando um novo amanhecer. Sua mente sempre a mil. Pensamentos mórbidos e incoerentes o tomava, para que, logo mais confusão e raiva viesse à tona. Sua mente era sua maior inimiga. Seu passado também.

Sentiu um peso em cima de suas penas, e percebeu não estar sozinho. Namjoon às vezes, se esquecia, de que não estava só. De que tinha alguém para quem voltar. Mas logo, a calmaria em ver seu menino, passando as pernas por cimas das suas, enquanto resmungava, ainda inconsciente, o fez lembrar.

Ele lembrou do nome.

Lembrou do seu amor, chamar outro nome, que não fosse o seu.

O descontrole veio. Sentiu sua mão começar a formigar, e o peito entrar em descompasso com batidas violentas. A respiração já não lhe pertencia mais. Os dentes rangendo um no outro era audível. A raiva lhe tomou novamente. Mas ele apenas saiu de lá.

O amor para Namjoon, era forte como a morte. Mas o ciúmes, era cruel como um túmulo. A sensação de estar perdendo aquilo que era para ser somente seu, o desfigurava por dentro.

Amor é para os fracos, Namjoon.

Tudo em si tremia. Tudo doía. Não viu outra alternativa, senão, fazer o que era de alívio momentâneo. O que foi seu único refúgio, durante sua jornada para ser perfeito.

Se levantou em passos apressados, quase caindo pelo caminho. Abriu a porta de seu escritório, e a trancou em seguida. Suas mãos tremiam a cada passo que dava, e seu coração já indicava uma nova taquicardia. Ele se apressou em abrir o cofre do escritório, logo se dirigindo até a sua mesa.

Apertou a liga forte no braço grosso, vendo sua veia saltar. Sem higienizar, sem preparo ou mais nada, injetou uma quantidade abrangente de heroína, logo sentindo a leveza vir, e a agonia ir embora. O silêncio de seu escritório, junto ao nascer do sol, lhe fez flutuar, como se não fosse ele ali. Como se estivesse tudo bem.

Permaneceu no local, até ouvir passos perto de sua porta e logo a batida ecoando seus ouvidos. Não soube quantas horas ficou naquela posição, ou quanto de heroína injetou. Mas como o baque daquela voz quebradiça, ainda pelo sono lhe chamar, é que ele voltou a realidade. Voltou para sua dor.

- Amor? O que você está fazendo?

Namjoon apenas abriu a porta para ele, e o abraçou, depositando toda sua força na cintura do mais novo que chiou baixo pelo aperto forte. Mas de nada falou. E isso que mais estava matando Namjoon. O silêncio.

Ele queria ouvir de Jungkook qualquer coisa que fosse. Qualquer desculpa, mas o garoto parecia aéreo a tudo, leigo a sua agonia em tê-lo ouvido gemer outro nome, enquanto faziam amor. Se Namjoon fosse o primeiro a falar, sabia que acabaria em outra coisa. Em tragédia.

Ecstasy | namkookmin Onde histórias criam vida. Descubra agora