- Qual é o seu maior sonho, Taehyung-ah? - o garoto mordisca a tangerina que escorre suco por todo seu uniforme limpo. O cabelo liso tapa-lhe a visão do colega que o pergunta aquilo.
Ele dá de ombros, pensando em uma resposta que esteja a altura de ser aplaudida pelos amigos.
- Eu quero ser rico - ele responde, orgulhoso. Os amigos sorriem dele.
- E como vai conseguir isso? - outro lhe perguntou sarcasticamente.
Taehyung então se põe a pensar. Desde muito novo eles já tinham a carga pesada de escolherem quais seriam suas profissões; como se tornariam homens de sucesso.
- Não cheguei ainda nessa parte, mas posso fazer o que eu quiser, pois sou um homem forte - o sorriso quadrado preenche o ambiente, mostrando os dentes sujos pela fruta que come - Talvez eu seja um piloto da força aérea como meu pai foi.
Mencionar aquilo lhe embrulhava o estômago, mas na frente dos amigos queria parecer bem.
Jungkook, sentado ao seu lado, arregala os olhos com fascínio enquanto o amigo estufa o peito. Taehyung era um aventureiro nato, um pássaro livre que poderia fazer qualquer coisa na vida. Alguém que Jungkook se espelhava para seguir.
- E se o avião cair e você morrer? - um dos colegas da roda pergunta. É a hora do intervalo, onde eles sentam embaixo da árvore de folhas secas perto do ginásio para divagarem sobre suas vidas e suas ideias peculiares.
- É por isso que eu serei o melhor da Coreia. Se eu for o melhor o avião não cai - os amigos concordam, certo de que aquilo fazia sentido.
- E você, Jungkook-ah? - Jungkook se remexe, desviando os grandes olhos para o chão. O ato que não passa despercebido por Taehyung que se aproxima para mais perto dele.
Jungkook é tímido, tem medo da reação das pessoas. Tem medo delas não entenderem o que ele fala.
- Vamos lá, Kookie - Taehyung o incentiva com um olhar preguiçoso.
No fundo ele está curioso para a resposta do amigo. Tudo que vem de Jungkook o fascina e ele está tentando entender ainda o porquê daquele rebuliço todo em sua barriga com a simples visão das orelhas de Jungkook se tornarem vermelhas. Ou porquê ele quer tanto, simplesmente, ficar mais perto do amigo a cada segundo.
- Hm... Eu quero... me casar.
(...)
O pavor da solidão é maior que o medo da escravidão: assim, nos casamos.
Jungkook conheceu a crueldade por meio das pessoas que ele tanto dizia amar, respeitar e admirar. Ele tem certeza que se tivesse conhecido a crueldade por meio de pessoas desconhecidas, ele não teria tanto pavor quanto agora.
Pavor dos homens.
Seus olhos não piscam para a tela do celular que continua passando uma filmagem horrível que faz seus ossos doerem. As cenas embrulham seu estômago, mas ele não consegue tirar os olhos delas.
A realidade cruel bate em sua cara como um tapa estalado. O véu que o cegava está finalmente sendo puxado.
Jungkook está vendo e ouvindo como seu marido realmente é.
É como agonizar sob uma tortura incessante. Até então, saber, imaginar e especular eram a causa da sua dor diária que poderia ser aliviada com a promessa rompante de que Namjoon nunca mais faria aquilo. Agora, vê a olho vivo, o jeito que seu marido possui o corpo de outro homem, é cruel.
Namjoon está adorando outro homem, beijando-o como se o amasse, gemendo em seu ouvido como se ele fosse o único, tocando-o como se a pele dele fosse seu antídoto.
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Ecstasy | namkookmin
Fanfiction[concluída] Jung Hoseok, líder de uma quadrilha do narcotráfico de Seul, é mandado em uma missão para pagar uma dívida de seu passado: acabar com um magnata CEO. Seu braço direito, Park Jimin, o ajuda se infiltrando na casa e na vida de Kim Namjoon...