Dormir mais de oito horas sem ajuda de remédios era quase um milagre para Jungkook.
Ele pulou da cama assim que sentiu o formigamento da bexiga incomodá-lo.
A cama ao lado estava vazia, no entanto.
Ele não se atentou a isso, mas a sensação de solidão era tão espessa que lembrava sangue. Assim como suas lembranças borradas da noite anterior.
Vestia uma blusa preta com o rosto do Tupac Shakur na estampa. Jungkook enrugou o cenho, se perguntando de quem era, até lembrar que Namjoon tinha uma coleção de blusas de rappers raras autografadas em seu armário particular.
A blusa era grande, quase o cobria por inteiro e cheirava a algo novo e nostálgico. Apesar disso, Jungkook nunca viu o marido usando qualquer uma, e o pensamento parecia invadi-lo como algo a fazer brevemente.
Ele desceu as escadas, sentindo a fome doer seu estômago.
A governanta cozinhava o café, enquanto que na mesa de jantar, Namjoon estava sentado, com uma blusa de algodão qualquer, que mostrava seus braços. Cabelos recém pintados e rebeldes junto a uma face tranquila no rosto.
Estava desleixado, o que não era de costume. Mas Jungkook nunca o viu tão bonito na vida. Nenhum terno caro compensa a visão de lar que Namjoon poderia emanar quando quisesse.
— Bom dia, Jungkook-ah. — Foi a senhora quem comprimentou, mostrando que estava fazendo o prato favorito do garoto. Jungkook demorou a responder, fixado nos olhos de Namjoon que não deixava os seus.
— Bom dia, Noona. — Ele se reverenciou a ela, como sempre fazia. Depois, foi de encontro à mesa, vendo seu prato colocado. Seu rosto não demonstrava muito além do vermelhão descendo para seu peito quando ele sabia que o marido o inspecionava de cima a baixo.
— Bom dia. — Namjoon saudou, suave, assim como parecia estar com seus cabelos bagunçados. A franja deslizada em sua testa o deixava mais jovem, diferente do penteado para trás.
— Bom dia, Hyung.
Ele nunca usava o honorífico com o marido, mesmo que no começo havia sido apenas para provocar. Mas algo urgente o pediu para usar.
A calmaria antes da tempestade era pior do que a do redemoinho que estava para vir.
O sentimento partia dos dois.
Agora tudo havia mudado.
Nenhuma palavra foi dita até o café ser colocado sobre a mesa de vidro de serigrafia branca. Jungkook salivou sobre a comida, pronto para pensar só nela.
Contudo, no primeiro contato com o hashi, ele sentiu falta.
Falta dele.
Olhou para a cadeira que sempre se sentava desleixado, comendo a comida com a boca cheia enquanto elogiava a governanta.
Namjoon pareceu captar seu olhar ao abaixar o jornal.
— Ele não apareceu. — Informou, sem expressão. Ela era lisa como uma lousa. Sua dieta diária estava posta em sua frente, mas ele não pareceu ter ânimo para come-la.
Jungkook comia seu desjejum agora sem tanta alegria, sentindo seu estômago revirar enquanto as borboletas eram embalsamadas dentro dele.
Quando a mesa foi retirada, a cabeça de nenhum dos dois estava ali.
Jungkook deixou um suspiro escapar sobre seus lábios enquanto seu cabelo caia sobre sua cara, tão liso quanto um véu negro. Olhos de corsa vagando de um lado para o outro. Inquieto. Letal.
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Ecstasy | namkookmin
Fanfiction[concluída] Jung Hoseok, líder de uma quadrilha do narcotráfico de Seul, é mandado em uma missão para pagar uma dívida de seu passado: acabar com um magnata CEO. Seu braço direito, Park Jimin, o ajuda se infiltrando na casa e na vida de Kim Namjoon...