DOIS MESES ANTES
Eu não quero mais saber de você, Lucas. Nunca mais!
Aquelas palavras jamais saíram de minha cabeça. A única coisa que queria, era sumir do mundo e nunca mais existir. Eu o havia perdido e dessa vez tinha certeza de que isso seria para sempre. Guilherme nunca mais me perdoaria. Fui idiota, um imbecil insensível que não havia dado conta da burrada que estava fazendo até perder a pessoa mais importante na minha vida.
Você é um imbecil, Lucas!
Foi o que fiquei repetindo para mim enquanto corria pelas ruas, sem rumo nem direção. A única coisa que queria naquele instante, era fica longe de tudo e todos que me fizessem lembrar dele e de seu rosto, pois já não tinha mais forças para continuar com aquilo. Queria ser homem o suficiente para me jogar na frente de um carro ou enfiar uma faca em minha garganta, mas não. Eu era um covarde por natureza. Se não era corajoso o suficiente para lutar por um amor, imagine tirar a própria via.
Você é um covarde. Um covarde!
Meus olhos estavam inundados de lágrimas e os soluços presos em minha garganta. Chorar era a única coisa que me restava a fazer, por isso não poupei nenhuma lágrima. Apenas continuei minha caminhada sem rumo, até me dar conta de onde havia chegado. Parei diante da enorme construção e encarei aquela imagem até conseguir assimilar que havia chegado até o shopping. Não fazia a mínima ideia do que estava fazendo ali, mas meus pés me obrigaram a seguir em frente.
As pessoas me olhavam como se perguntassem o que havia acontecido, pois meu estado era desprezível. Sentia meus olhos inchados e ignorei completamente a dor que percorria minhas pernas. Raiva tomava conta de mim, então a única coisa que fiz foi continuar andando, ignorando todos aqueles olhares curiosos, até chegar a loja onde trabalhava. Minha expressão era séria e ficou ainda pior quando encontrei alguns funcionários na entrada da loja, preparando o lugar para fechar. Todos me lançaram olhares curiosos quando me aproximei. Tentei ignorar suas presenças, mas parei assim que Luan abriu sua maldita boca.
- Cara, que papo é esse de que você é bicha? – suas palavras fizeram meu sangue ferver automaticamente. Me virei lentamente e apenas o encarei, sentindo uma adrenalina percorrer minhas veias. – Não acredito que você ficou se fingindo de macho esse tempo todo, quando estava saindo por aí com outro viado. – seu sorriso zombado foi a última martelada. Não precisei sequer dar dois passos para acertar em cheio o nariz daquele idiota.
- Filho da puta! – rugi, deixando a raiva tomar conta de mim. Luan estava caído no chão, com as mãos cobrindo o rosto. Os outros funcionários que estavam surpresos com o que viram, só correram quando acertei um chute nas costelas daquele filho da mãe. – A próxima vez que me chamar de bicha ou viado, eu acabo com a sua raça! – gritei, tentando escapar dos braços que me seguravam. Luan estava sendo amparado por um dos funcionários que o ajudou a ficar de pé. Sangue escorria de seu nariz, mas o maldito não ousou dizer uma palavra se quer.
- Lucas! – parei de me debater até escutar aquela voz aveludada que já havia me acostumado. Dei uma última cotovela em quem me segurava e então me virei, encontrando Gabriel parado a poucos metros de mim, me encarando com uma expressão de horror. – O que aconteceu? – ele perguntou, passando os olhos por Luan, mas logo voltando a me olhar. Eu sabia que minha expressão podia meter medo em qualquer um e talvez por isso ninguém estivesse mais tão próximo de mim.
- Esse idiota me bateu! – resmungou Luan, apontando para mim. Apertei minhas mãos com forças, sentindo uma vontade enorme de espancá-lo novamente, mas quando fiz menção de me aproximar do babaca, ele se afastou e Gabriel se apressou.
- Lucas! – ele chamou, me obrigando a olhá-lo novamente. Nós dois nos encaramos por um instante até que ele finalmente pareceu entender o recado. – Pessoal, vocês podem ir para casa. – ele disse, olhando em volta. – Parece que já está tudo pronto para fechar. Lucas pode me ajudar a fechar quando vocês saírem. – ele disse, de um modo tão sério, que mesmo sendo tão pequeno, soube impor aquela ordem, já que os caras não ousaram dizer uma palavra se quer. – Você pode me esperar lá dentro? – respirei fundo quando Gabriel se aproximou de mim e disse essas palavras. Se quer o respondi. A única coisa que fiz foi caminhar em direção aos fundos da loja, enquanto escutava as portas da frente serem baixadas.
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O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)
Romance"Estar com Felipe era como esquecer o mundo e todos os problemas. Os pensamentos em relação a Lucas nunca entravam em minha mente quando estávamos juntos. Ele conseguia fazer com que todos os pesos que carregava nas costas se evaporassem em questão...