O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)

Capítulo 15

Felipe estava escondendo algo de mim e eu soube disso no exato momento em que nossos olhos se encontraram. Seu rosto estava em pânico, mas ao notar que meus olhos semicerrados e meu olhar em direção a aqueles exames, Felipe endireitou seus ombros e virou o rosto para a saída do hospital. Eu estava com a leve impressão de que por uma fração de segundos, ele cogitou sair correndo, mas Felipe não fez isso.

- Eu vim buscar uns exames da Roberta. - ele finalmente falou, quebrando aquele maldito silêncio que só fazia com que eu ficasse ainda mais perturbado.

- Exames? De Roberta? - perguntei, ainda sem ter certeza se acreditaria naquilo.

- Sim. Ela me pediu para fazer isso, porque sabia que eu estaria aqui. - disse Felipe, agora me fazendo cruzar os braços. O encarei mais seriamente.

- Achei que tinha vindo apenas para pegar os exames dela. - falei, vendo Felipe desviar os olhos por alguns segundos. Ele estava pensando numa resposta e isso foi o suficiente para eu ter certeza de que ele estava mentindo.

- Você está me interrogando? - Felipe perguntou, erguendo as sobrancelhas para mim. Revirei os olhos antes de responder.

- Só estou com a impressão de que você está mentindo para mim e você sabe o quanto odeio isso, então por favor, me diga a verdade, Felipe. - pedi, encarando-o com um suspiro. Ele me observou por um momento e então baixou sua cabeça, parecendo envergonhado com aquilo.

- Vim encontrar o seu pai. - ele falou, me pegando de surpresa.

- Mas eu estava com meu pai! - falei, já num tom acusatório. Felipe revirou os olhos para mim.

- Você certamente não passou horas com ele. - ele disse, me fazendo olhá-lo com uma expressão cética.

- O que você veio conversar com meu pai? - perguntei. Felipe trocou o peso de suas pernas, me dando a leve impressão de que ele estava nervoso.

- Assunto particular! - ele se limitou a dizer, fazendo com que eu ficasse boquiaberto.

- O que você e papai estão aprontando? - perguntei, num tom acusatório. Felipe riu.

- Baby, não seja tão desconfiado. - ele disse, parecendo se divertir com meu nervosismo.

- Nem me venha com esse papo de baby, que não vou cair nessa. - falei, fazendo Felipe gargalhar em seguida, chamando a atenção de algumas pessoas que estavam na sala de espera. Lhe lancei um olhar de advertência e estava prestes a continuar meu interrogatório quando notei a expressão de Felipe mudar rapidamente. E quando me virei para olhar o que ele estava vendo, encontrei Doutor Augusto andando em nossa direção, com uma expressão curiosa no rosto. - Ótimo! - falei, me virando novamente para Felipe que pareceu desconfortável. - Meu pai não é bom em esconder segredos, se você quer saber. - eu disse, vendo Felipe sorrir de modo nervoso, enquanto papai nos alcançava.

- Você ainda está aqui? - ele perguntou, me olhando e lançando um olhar significativo para Felipe, que fez um aceno com a cabeça.

- Porque não me disse que Felipe esteve com o senhor? - perguntei para papai, que franziu a testa e olhou para Felipe, que estava logo atrás de mim.

- Esteve? - meu pai perguntou.

- Pai! Você sabe que odeio segredos. - eu disse, me sentindo cada vez mais frustrado. Doutor Augusto apenas me encarou por um momento, parecendo se divertir com meu desespero, e em seguida, ele voltou a olhar para Felipe, que também o encarou, então os dois ficaram ali por poucos segundos, conversando entre olhares. - Eu estou aqui. - resmunguei, fazendo com que os dois voltassem a me olhar. Papai então respirou fundo e me abraçou de lado, enquanto ficamos de frente para Felipe, que pareceu estranhamente nervoso.