A SEGUNDA PRIMEIRA VEZ (CAPÍTULO EXTRA)

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DOIS MESES DEPOIS

Ás vezes, ainda era estranho abrir os olhos e encarar o teto diante dos meus olhos, como se cada manhã fosse um sonho do qual estava prestes a acordar. Faziam dois meses que vinha sentindo aquela sensação de estar vivendo num conto de fadas ridiculamente perfeito onde tudo a minha volta parecia carregar uma paz da qual jamais tive nos últimos três anos. O universo é uma loucura e a cada instante tinha ainda mais certeza disso, pois bastava fechar os olhos e lembrar tudo o que tinha acontecido no último ano. Era fácil recordar, pois mesmo que estivesse feliz e sentindo que todas as peças estivessem enfim se encaixando novamente, os pesadelos e as lembranças ainda surgiam em minha cabeça. Não sabia se aquilo era um fardo que carregaria por toda minha vida, mas hoje sei que era apenas recente demais para enterrar no fundo do baú. Aquele Guilherme ainda carregava demônios dentro de si, mas era fácil espantá-los quando estava ali, naquele apartamento.

- Você acordou cedo. – senti cada pelo do meu corpo se eriçar lentamente sobre minha pele quando ouvi sua voz, me fazendo erguer os olhos em direção a porta do quarto.

Meu Deus. Como ele é lindo!

Foi impossível não soltar um suspiro exasperado quando meus olhos se ajustaram a leve claridade do quarto quando ele acendeu a luz. Sabia que ainda era muito cedo e que o sol se quer alcançará seu limite, mas estava distraído demais assistindo a cena diante de mim para olhar em direção ao relógio digital. E como numa hipnose, movi meu corpo num único movimento e sentei com as costas eretas na cama, sentindo o edredom escorregar sobre meu peito e revelar parte do meu corpo seminu.

Felipe estava parado na porta do quarto, com o ombro apoiado no batente enquanto segurava uma caneca de algo fumegante com as duas mãos. Ele ergueu a caneca até os lábios e bebericou o liquido rapidamente enquanto seus olhos permaneceram em mim, soltando faíscas em seu tom enervante de azul. De repente, meu corpo já estava tomado por algo quase impossível de controlar. O desejo que vinha sentindo nas últimas semanas era quase incontrolável e eu não fazia a mínima ideia do que fazer com toda aquela frustração que carregava no meu corpo, na minha alma e, principalmente, dentro da minha cueca.

Meu namorado ainda sorria com seu jeito ridiculamente angelical enquanto eu o assistia com toda a luxuria do meu desejo. Felipe usava apenas o seu costumeiro short de algodão azul que deixava à mostra grande parte das suas coxas torneadas. Era a sua peça de roupa que eu mais gostava, pois nada me parecia mais excitante do que vê-lo usando apenas aquilo. Mas logo tentei espantar esses pensamentos eróticos da cabeça quando percebi o que estava acontecendo comigo. Respirei fundo todo o ar que consegui e abri um largo sorriso para Felipe que apenas me assistia, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo comigo naquele exato momento.

- Você também parece ter madrugado. – falei, passando minhas mãos rapidamente pelo rosto. – Que horas são? – perguntei, finalmente olhando em direção ao relógio e constatando que eram apenas cinco e meia da manhã. Quando voltei a olhar para Felipe, encontrei seus olhos ainda grudados em mim. Ao perceber que foi flagrado, ele levou rapidamente sua caneca até os lábios. Semicerrei os olhos para ele no mesmo instante. – Você está bem? – perguntei, desconfiado. Ele deu os ombros antes de falar.

- Não consegui dormir noite passada. – revelou.

- Aconteceu alguma coisa?

- Na verdade, não. Está tudo bem. – Felipe disse, sem muita convicção. Ele parecia estranho, ou pelo menos mais estranho do que o comum, já que ainda não tinha me acostumado com seu novo comportamento desde que tínhamos voltado a namorar. Eu sabia que nós dois ainda tínhamos uma longa e complicada jornada para seguir em frente, mas estávamos indo bem, ou pelo menos era o que eu achava.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora