O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)

O CASAMENTO (CAPÍTULO EXTRA - PARTE 2)

GUILHERME

PARTE 2

- Você está tão gato! – Samanta disse enquanto nós dois nos olhamos diante do espelho do meu quarto. Eu estava vestindo um smoking que minha melhor amiga tinha me ajudado a escolher uma semana antes. Felipe e eu tínhamos decidido que não usaríamos branco e não me arrependia disso. Eu estava feliz com o que via diante do espelho na minha frente. O Guilherme diante de mim não era mais aquele garoto de dezessete anos. Ele tinha crescido e agora era um homem. Um homem prestes a se casar com o amor da sua vida.

- Eu acho que estou com dor de barriga. – confessei para Samanta, a encarando pelo espelho. Minha amiga estava usando um lindo vestido que para mim era azul, mas Samanta insistia em dizer que ele era verde tiffany. Era longo e caia muito bem no seu corpo. Seu cabelo estava solto e parecia cada vez maior. Nós dois estávamos trancados no meu quarto há horas. Samanta tinha dado ordens para que ninguém nos atrapalhasse durante o que ela chamou de nossa sessão de beleza. Até mesmo os nossos celulares estavam desligados e eu não tinha a mínima ideia de como estavam os preparativos no jardim.

Depois que Doutor Augusto finalmente aceitou o fato de que Felipe e eu nos casaríamos, ele pareceu realmente disposto a levar aquilo muito sério, o que só me causou muita dor de cabeça. Todos o conhecem e sabem como o meu pai não gosta de festas discretas, então ele simplesmente decidiu que queria que o meu casamento com Felipe fosse a festa do ano, o que nós claramente discordamos na mesma hora. Isso gerou um tipo de guerra entre papai e eu, outra vez. Doutor Augusto queria que o casamento fosse num hotel luxuoso da cidade, para no mínimo duzentos convidados que Felipe e eu sequer conhecíamos, mas nós conseguimos fazê-lo mudar de ideia. Eu queria que o meu casamento fosse algo completamente íntimo. Eu só queria que a minha família e os nossos amigos mais próximos fizessem parte daquilo, por isso papai, de mau humor, acabou aceitando que a cerimônia acontecesse em sua casa, no nosso jardim, num jantar muito íntimo.

- Não me venha dar um chilique logo agora, Gui! – Samanta ameaçou, fazendo com que me virasse para ela, que começou a arrumar a minha gravata e a rosa que estava presa no meu smoking.

- Acha que isso foi mesmo uma boa ideia? – perguntei, encarando-a. Minha amiga parou o que estava fazendo para me olhar fixamente nos olhos.

- Gui, não fica nervoso. Só pensa que esse é o momento mais feliz da sua vida e que você e Felipe vão ter um final de conto de fadas. Não são todos que tem essa sorte, então aproveita ela, por favor. – Samanta disse e senti meus olhos encherem de lágrima no mesmo instante. Ao perceber que estava prestes a chorar, minha melhor amiga soltou um grito que me faz pular. – Não chora! Eu não vou borrar a minha maquiagem! – ela disse, se virando rapidamente e correndo de forma engraçada até o meu banheiro. Me virei novamente para o espelho e me obriguei a manter a minha calma.

Estava ansioso pelo simples fato de não ter nenhum contato com Felipe desde aquela manhã, quando nos despedimos e Samanta nos trancou no meu quarto. Felipe iria se preparar no apartamento, com a ajuda de Roberta e eu não sabia se ele já tinha chegado. O casamento estava marcado para às cinco da tarde. Felipe queria que nós dois nos casássemos durante o pôr do sol e eu tinha simplesmente adorado aquela ideia. Papai claro, é quem tinha se oferecido para cuidar de todos os preparativos, desde a decoração até o Juiz de Paz. Marina tinha se encarregado de controlá-lo, para que ele não exagerasse e transformasse meu casamento num evento do hospital. Eu só queria que aquele fosse um dia perfeito e especial para mim e Felipe. Nós merecíamos aquilo, mas fui tirado de todos esses pensamentos quando alguém começou a bater na porta do meu quarto. Eu caminhei apenas alguns passos em direção a porta quando Samanta saiu como um raio do meu banheiro, ainda com um pincel de maquiagem na mão, como se estivesse segurando uma arma.