A cozinha de Felipe era impecavelmente arrumada e limpa. Tudo estava organizado perfeitamente, por isso fiquei com receio quando meus olhos percorreram o lugar. Eu queria algo para comer, pois estava faminto, e também queria ser um pouco romântico e lhe preparar algo, por isso, como o maior cuidado, comecei a explorar os armários e a geladeira, tentando decidir o que fazer.
Era por volta das sete da manhã e minha noite havia sido completamente perfeita. Sentia-me bem comigo mesmo e devia isso a Felipe, é claro. Ainda era estranho pensar no que havia acontecido e nas coisas que fizemos em seu quarto. Meu rosto corava só em lembrar das sensações. Apesar disso, ainda sentia uma pequena pontava de dúvida sobre o que estava fazendo, mas em nenhum momento arrependimento tomou conta de mim. O que Lipe e eu tínhamos era especial e único, e eu tinha a total consciência de que algo assim jamais poderia ser errado. Além disso, também estava com receio do que aconteceria dali em diante, principalmente porque apesar da conversa que tivemos antes do sexo, não ficou claro para mim se nós dois agora éramos namorados, e isso estava me deixando um pouco nervoso, principalmente por lembrar o que Pedro disse, sobre Felipe não se apegar a ninguém e nunca ter namorado. Mas tentei evaporar esses pensamentos de minha mente, voltando a me concentrar no café da manhã.
Acabei optando por fazer uma simples salada de frutas, já que cozinhar não era nenhum pouco meu forte. E preparar uma salada de frutas não poderia ser tão difícil, não é mesmo? Já havia assistido Maria preparar a receita várias vezes, por isso me forcei a lembrar de cada detalhe e caprichar. Também tentei não fazer barulho enquanto usava a cozinha de Felipe, pois não queria acordá-lo. Ele parecia tão sereno enquanto dormia, que interromper seu sono pareceu ser a coisa mais cruel a se fazer naquele momento. Eu estava feliz e isso estava bastante evidente, pois há muito tempo não me sentia tão bem.
Preparar a salada de frutas foi um pouco mais difícil que eu esperava, principalmente pelo fato de que não conseguia encontrar alguns ingredientes além das frutas, óbvio. Eu precisava de canela e não estava encontrando em lugar algum. Não fazia a mínima ideia se um cara solteiro, que morava sozinho, poderia ter algo assim em sua cozinha, mas eu precisava disso para finalizar minha receita, por isso comecei a procurar em todos os armários, mas fiquei surpreso com o fato de uma das portas estar trancada. Aquilo me fez estranhar, é claro, por isso observei melhor e tentei entender como aquela porta do armário estava trancada, já que não havia nenhuma fechadura evidente, mas acabei desistindo disso quando escutei um baixo barulho de porta abrindo.
Minhas pernas ficaram um pouco moles e um frio tomou conta de minha barriga quando ouvi os passos de Felipe se aproximando. Eu estava trás do balcão, e ao olhar para baixo, foi que me dei conta de que estava descalço, usando apenas minha cueca e a camisa. Agradeci silenciosamente pela existência daquele balcão que escondia minhas pernas.
Felipe surgiu na sala e por um instante, caminhou em direção a um dos sofás, parando automaticamente quando seus olhos me encontraram ali. Um forte calor se apossou de minhas pernas quando meus olhos o analisaram dos pés à cabeça. Felipe também estava descalço e usava somente um minúsculo short de algodão, deixando suas pernas grossas em evidência. Passei a língua pelos lábios numa tentativa de não senti-los tão secos.
- Você ainda está aqui! — ele disse, num tom de voz surpresa. Ergui minhas sobrancelhas para ele.
- Aonde mais eu estaria? — perguntei, trocando o peso de minhas pernas. Felipe ainda estava imóvel, me olhando enquanto piscava os olhos várias vezes, mas depois de alguns segundos, ele finalmente abriu um lindo e sorriso e caminhou em direção ao balcão, ainda me olhando como se eu fosse uma miragem. — Me desculpa pela bagunça. — falei, ciente de que minha voz estava saindo muito baixa. Felipe chegou até a bancada de mármore e então apoiou seus cotovelos ali. Ele me encarava com intensidade e tentei não me sentir nervoso por causa disso.
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O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)
Romance"Estar com Felipe era como esquecer o mundo e todos os problemas. Os pensamentos em relação a Lucas nunca entravam em minha mente quando estávamos juntos. Ele conseguia fazer com que todos os pesos que carregava nas costas se evaporassem em questão...