Eu não sabia onde estava. Pelo menos não até reconhecer aquelas paredes de aço a minha volta. Foi como se uma série de imagens invadissem minha cabeça, fazendo com que uma sensação de déjà-vu tomasse conta de mim. Bastou apenas minuto para que eu me desse conta de onde estava e bastou olhar para a parede de espelho ao meu lado para ver o reflexo de Felipe ali, como da primeira vez em que o vi. A imagem dele assim como apareceu, sumiu num piscar de olhos, fazendo com que um vazio invadisse meu peito. Eu sabia onde estava. Sabia que aquele era o elevador do prédio onde Felipe morava, e depois de erguer os olhos cuidadosamente e ver os números dos andares subindo lentamente, soube no mesmo instante onde estava indo. Não lembrava de quando, ou como havia chegado ali, mas não houve tempo de pensar sobre isso, pois o elevador logo parou e suas portas se abriram em seguida.
Cautelosamente, coloquei minha cabeça para fora, olhando para os lados e entrando em pânico quando me dei conta de que todos os apartamentos, exceto um, haviam sumido. A única coisa que eu vi, eram as paredes brancas e uma única porta que eu conhecia melhor que qualquer pessoa. E foi por isso que minhas pernas começaram a agir por conta própria. Eu não queria continuar. Não queria ir até ela e me dar conta de que meu pior pesadelo estava prestes a acontecer, mas eu simplesmente não tinha o controle de meus membros e a cada centímetro que me aproximava, mais meu coração aumentava o ritmo de suas batidas. Eu queria parar, queria voltar e fugir daquilo, mas já era tarde demais, pois um segundo antes de hesitar, senti todos os pelos de meu corpo se eriçarem e um frio soprar em minha nuca.
- Estou cansando de esperar, amor! Entra logo ou irei perder a coragem, Gui! – a voz grave fez com que um sensação de sopro na nuca me causasse tremores no corpo. Se quer tinha me dado conta de que estava prendendo a respiração até sentir meus pulmões queimarem. Meu coração parecia estar entrando em convulsão. – Entra logo, por favor. Estou ficando nervoso! – mais uma vez aquela voz me causou cala frios. Minhas pernas estavam bambas, trêmulas, e dessa vez, por conta própria, consegui continuar andando e levar a minha mão hesitante até a fechadura, respirando fundo e forçando-a para baixo, abrindo a porta e fechando meus olhos no mesmo instante. – Porquê está com os olhos fechados? – ele perguntou, fazendo com que eu engolisse o seco e só depois de respirar fundo, abrisse meu olhos cautelosamente.
Não era fácil descrever aquilo. Eu sabia que era um sonho. Sabia que provavelmente havia adormecido, desmaiado ou simplesmente morrido, e caso fosse a última opção, comecei a me senti radiante, pois se fosse verdade, tinha certeza de que estava entrando no paraíso. Nada mais parecia perfeito do que a cena diante de mim. Felipe estava ali! Ele simplesmente estava ali!
- Por favor, não zombe de mim! – ele disse, fazendo com que eu piscasse várias vezes, numa tentativa de saber se realmente estava vendo aquilo.
- Felipe? – seu nome saiu de meus lábios com um assombro e suguei todo o ar que podia quando o vi se aproximar de mim, com as mãos escondidas atrás do corpo. Felipe tinha um sorriso cativante nos lábios e eu nunca o havia visto tão deslumbrante como naquele momento. Seus olhos azuis estavam fixos em mim como se eu fosse a única coisa que ele enxergava. Seus lábios estavam retorcidos num meio sorriso enquanto ele endireitava os ombros. Felipe usava sua famosa calça de moletom que lhe caia perfeitamente bem e uma camisa regata que deixava expostos os seus braços fortes. Ele estava descalços e quase sorri ao me dar conta de que seu cabelo estava impecavelmente arrumado, do jeito que ele sempre adorava fazer.
- Não me olhe desse jeito! Está me deixando com vergonha! – ele disse, enquanto me olhava, trocando os peso de suas pernas insistentemente.
- O que... O que está acontecendo? – consegui balbuciar as palavras, ainda imóvel. Felipe baixou a cabeça por um segundo, parecendo envergonhado, mas logo voltou a me olhar, dando mais alguns passos em minha direção, ficando tão próximo, que eu já conseguia sentir o seu delicioso perfume. Eu o encarei com meus olhos arregalados, temendo o que aconteceria em seguida.
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O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)
Romance"Estar com Felipe era como esquecer o mundo e todos os problemas. Os pensamentos em relação a Lucas nunca entravam em minha mente quando estávamos juntos. Ele conseguia fazer com que todos os pesos que carregava nas costas se evaporassem em questão...