CAPÍTULO 20 - LUCAS (PARTE 2)

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- Você fez o quê? – fechei os olhos calmamente e respirei fundo enquanto esperava o surto de Renan acabar. Sabia que aquilo não duraria muito, por isso me obriguei a ficar calmo por um minuto enquanto lhe dava a oportunidade de me xingar, pois sabia muito bem que merecia aquilo. – Você ficou louco, Lucas? Ele é uma criança! Onde você estava com a cabeça? Merda! – Renan levou sua mão até a cabeça e prendeu seus dedos firmemente em sua cabeleira ruiva, parecendo tão desesperado quanto eu estava no dia anterior. – Quando isso aconteceu? – meu melhor amigo parou de andar de um lado pra outro em meu quarto e então me encarou friamente. Engoli o seco antes de responder.

- Há duas semanas. – eu disse, apenas o encarando.

- Duas semanas? – gritou Renan e eu afirmei com a cabeça, lutando silenciosamente para não começar a chorar feito uma criança. Eu tinha que ser forte! – Porque diabos você faria isso? – o ruivo perguntou, ponto as mãos na cintura e me olhando como se eu fosse a pior pessoa do mundo.

- Eu... Eu estava confuso, com raiva, triste... Guilherme tinha acabado de terminar comigo! – tentei me justificar, mas sabia que aquilo era apenas uma merda de desculpa.

- Certo! – Renan riu ironicamente depois de olhar para o teto, como se procurasse por paciência. Eu o entendia, claro. Ele não seria a primeira pessoa a desistir de mim. – Primeiro, coloque na droga dessa sua cabeça que não foi Guilherme quem terminou. Foi você! Você é quem pisou na bola, então não use isso como desculpa para o que fez. – minha garganta se fechou rapidamente ao escutá-lo. Já faziam duas semanas desde o término com Guilherme e o que aconteceu na loja... Com Gabriel. – Droga Lucas! Ele é só um garoto! Você sabe o que pode acontecer se alguém descobrir, não é? Você é maior de idade, e ele só tem o quê? Quinze anos? – Renan perguntou e eu baixei a cabeça.

- Dezesseis. – resmunguei, ignorando a vontade que estava de dizer que ele faria dezessete em poucas semanas, mas me mantive em silêncio, erguendo meu rosto em seguida e encontrando o olhar cético de Renan em minha direção. Havia algo ali que eu nunca tinha visto antes. Algo que Renan jamais havia demonstrado, e só depois de alguns segundos, entendi que ele estava realmente com raiva de mim. Não só raiva! Mas decepção e medo também estavam ali, na forma como seus olhos me encaravam e isso foi a única coisa que bastou para que eu começasse a chorar, cobrindo meu rosto rapidamente com minhas mãos.

Era noite e fazia pouco tempo que havia chegado do trabalho. Aquele tinha sido o primeiro dia que tinha visto Gabriel desde a noite em que tudo aconteceu. O modo como ele me olhou, como se manteve afastado de mim o dia inteiro... Eu sabia que tinha mudado algo naquele garoto e sabia que isso não era bom. Já não bastava ter ferrado minha própria vida, provavelmente havia ferrado a vida de Gabriel também, pois jamais deveria ter feito aquilo com ele que era tão... Frágil!

- O que faço? – perguntei depois de finalmente conseguir o controle de minhas lágrimas. Renan havia continuado ali, mas em silêncio, apenas esperando que eu me acalmasse.

- Lucas, só me diz que você sabe a gravidade disso tudo, por favor. – meu amigo falou, me olhando de forma séria. Me sentia um pouco aliviado pelo fato dele ter parado de surtar, pois a única coisa que eu precisava naquele momento era consertar a burrada que havia feito.

- Claro que sei! Não sou nenhum idiota. – resmunguei, passando as mãos agressivamente pelos olhos. Renan bufou com minha resposta, deixando claro que ele achava exatamente o contrário.

- Cara, achei que ter feito aquela carta para Gui havia sido seu ápice da burrice, mas agora... Você é insuperável, Lucas! - Renan riu ironicamente, pegando seu casaco em seguida e começando a vesti-lo. Um desespero tomou conta de mim no mesmo instante.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora