Capítulo 13

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- O que você fez, Guilherme? - a voz de meu pai demorou um pouco para fazer qualquer efeito em mim. Eu ainda estava em choque e sem saber o que fazer com todos me olhando daquela forma. Mas antes que pudesse dizer qualquer palavra, Victor se apressou e começou a gritar feito um louco, apontando em minha direção enquanto se esquivava de sua mãe, que tentava ajudá-lo.

- Ele me atacou! Eu não fiz nada! - gritou Victor, apontando o dedo em minha direção. Seu rosto estava banhado em lágrimas e sangue, mas ele parecia não ligar para isso. Victor parecia mais empenhado em fazer todos acreditarem nele.

- Meu mentiroso! - berrei, avançando novamente em sua direção enquanto sentia a raiva tomando conta de mim novamente, mas antes que pudesse alcançá-lo, Pedro segurou meu braço e me puxou. - É mentira dele! Ele estava falando mal da minha mãe! - tentei explicar para meu pai, que me olhou e ao ouvir minhas palavras, virou o rosto para Victor, que hesitou por uma questão de segundos, mas logo voltou a gritar novamente.

- O mentiroso aqui é você! - disse ele, ainda apontando em minha direção, e novamente, tentei chegar até ele para lhe dar um soco bem no meio do nariz, mas Pedro me segurou ainda mais firme.

- Não caia na provocação dele, Gui. - sussurrou Pedro, enquanto tentava me afastar. Eu apenas bufei.

- Olha o seu tamanho Guilherme! Isso foi uma covardia! - disse Clarisse, claramente irritada, me encarando como se eu fosse um marginal.

- O quê? - fiquei imóvel ao ouvi-la.

- Porque Victor falaria mal da sua mãe? Ele não tem motivos para isso. Além disso, você é mais velho e maior que ele. Olha como você deixou o rosto dele! - encarei Clarisse com descrença no rosto e bufei com força, sem acreditar no que havia acabado de escutar.

- Você acha que esse imbecil precisa de motivos para infernizar a minha vida? Será que o que ele já havia feito não foi o suficiente? - meus dentes estavam trincados e eu estava apenas esperando a oportunidade em que Pedro ia me largar e eu ia avançar em Victor de novo, e dessa vez ninguém iria me impedir. Ninguém parecia notar a expressão do desgraçado. Victor olhava para mim com um sorriso de deboche que quase me fez rosnar de raiva.

- Você não vai dizer nada? - perguntou Clarisse, virando-se para meu pai, que continuava no mesmo lugar, com uma expressão séria no rosto, encarando a todos e ao ver o jeito como seus olhos me encararam, respirei fundo e me obriguei a ficar um pouco mais calmo.

- O que ele disse sobre sua mãe? - perguntou Doutor Augusto, me olhando seriamente e depois virando o rosto para Victor, que claramente ficou tenso. Engoli o seco várias vezes, pois sabia que não teria a mínima coragem de repetir as palavras nojentas de Victor.

- Ele a insultou. - foi a única coisa que eu disse. Papai me olhou mais uma vez.

- O que ele disse, Guilherme? - perguntou ele, com uma expressão ainda mais sombria. Meus olhos se encheram de lágrimas instantaneamente e senti um nó se formar em minha garganta. Meus olhos passaram por todos ali, e antes de dizer algo, olhei novamente em direção à onde havia visto meu irmão, mas ele não estava mais lá. Agradeci silenciosamente por isso, pois a última coisa que queria no mundo era que ele ouvisse aquelas palavras sobre nossa mãe.

- Ele... Ele disse que minha mãe era uma... Uma vaca! E que estava enterrada em baixo... Em baixo de sete palmos. - minha garganta pareceu ser preenchida pela dor logo em seguida. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas não as limpei. Apenas encarei meu pai e tentei decifrar o que ele estava sentindo.

- É mentira dele! - Victor se defendeu, mas não olhou para meu pai, e sim para Clarisse, que passou as mãos carinhosamente pelo rosto do filho e se virou rapidamente para meu pai em seguida, com uma expressão de raiva.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - DECISÕES - LIVRO 03 (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora