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— Você tem uma família e tanto! — a garota sorriu aberto para mim.

Nós estávamos de frente para o prédio de seu apartamento conversando sobre o dia de hoje. Após toda aquela vergonha que Jongin me fez passar, jogamos alguns jogos de tabuleiro e comemos a sobremesa que minha mãe tinha feito. Eu sorri de volta para a garota, realmente era abençoado por ter aqueles dois em minha vida.

— Sim, é verdade... — meu sorriso se desmanchou ao me lembrar — Mas... Nem sempre foi assim.

— Sério? — perguntou surpresa.

— Meu pai acabou nos deixando quando eu ainda era criança, minha mãe ficou um bom tempo se recuperando de tudo e demorou para voltar a ser aquela mulher sorridente.

Nayeon não conseguia esconder o quanto estava espantada, a história dela e de minha mãe soavam parecidas, era por isso que eu não desistiria da mesma, assim como meu pai fez.

— Eu sinto muito, Kyung.

— Nós já superamos tudo isso juntos! — sorri novamente — E eu espero que você supere algum dia também.

Ela concordou, era nítido que Nayeon mudou um pouco, ela confiava mais em mim e não escondia nada.

— Você quer entrar ou já tem que ir?

— Acho que posso ficar mais um pouco.

Sorrimos um para o outro e entramos de mãos dadas, estava um pouco frio do lado de fora, por isso era melhor evitar um resfriado e ficar do lado de dentro. E também, eu queria passar todo o tempo possível ao seu lado, era engraçado como eu dependia tanto assim dela agora.

Nayeon tirou as chaves do bolso da sua calça jeans e colocou na maçaneta, girou e abriu a porta. Nós entramos e eu logo me acomodei no sofá, peguei uma almofada e deixei em meu colo. Ela se sentou ao meu lado e continuou segurando minha mão, seus dedos quentes em contato com os meus me deixava ansioso, essas sensações continuavam acontecendo.

— Eu sempre tive uma relação conturbada com os meus pais... — começou, ela olhava para nossas mãos juntas — E quando eles não apoiaram meu relacionamento com Junmyeon, resolvi sair de casa e morar com ele aqui em Seul.

Abri a boca surpreso, ela nunca me contou sobre seus pais, esse assunto era desviado constantemente. Porém, não imaginava que ela tivesse feito isso, era preciso muita coragem para fazer algo assim.

— E você não entra mais em contato com eles?

— Não. — respirou fundo, me olhando dessa vez — Nunca mais falei com minha mãe, meu pai ou qualquer membro da família, apenas... Vejo algumas fotos nas redes sociais.

— Eu não quero parecer invasivo, mas... — encarei seus olhos escuros — Você precisa voltar a falar com eles!

A mesma acenou positivamente, podia ver seus olhos marejados, não queria que ela ficasse triste depois de uma noite tão maravilhosa. Por isso, reuni uma coragem dentro de mim e a beijei, de um modo lento e calmo, somente para que ela deixasse de pensar em coisas ruins.

Pude perceber que ela ficou surpresa no começo, mas logo correspondeu, pondo uma mão em meu pescoço. Não sei como tudo aconteceu, mas ela já estava sentada em meu colo e nós ditamos um ritmo mais apressado. Comecei a sentir algo formigar em minha barriga, era interessante como de uma hora para outra, passamos por diferentes extremos.

Não sei bem que sensações eram aquelas, porém eu queria continuar, queria sentir mais dos seus toques macios e precisos. Passei minhas mãos pelas coxas da mesma e ouvi um pequeno gemido de sua parte, aquilo me atiçou mais um pouco.

Nayeon estava totalmente entregue ao momento, seus braços rodeavam meus ombros e ela não se afastava, continuava agarrada em mim, como se não quisesse que acabasse.

— Nayeon... Vamos com calma... — falei, tentando olhá-la.

Ela foi se afastando devagar com alguns selinhos, comecei a me acalmar um pouco. Eu não queria que ela tomasse uma decisão que fosse se arrepender depois, para mim, o mais importante é deixá-la confortável.

— Você tem razão... — sorriu, arrumando seus cabelos — É melhor... Irmos com calma.

A mesma saiu de cima de mim e retornou a se sentar ao meu lado, ficamos em silêncio, apenas regulando as respirações. Eu não sabia muito bem o que tinha acontecido comigo, nunca estive tão próximo assim de uma garota, na verdade.

— Você está bem? — perguntou, passando uma mão pela minha bochecha.

— S-Sim...

— O que foi, Kyung? Não parece que está bem...

Ela se virou totalmente para mim e apertou minhas bochechas, verificando minha temperatura. Mesmo que por fora eu aparentava estar tranquilo, por dentro, fiquei uma pilha de nervos.

— É que eu... Nunca fiz isso, sabe... — senti meu rosto esquentar mais ainda.

Ela me abraçou forte inesperadamente, me deixando ainda mais confuso, tentando entender o que estava acontecendo.

— Você consegue ser fofo há cada dia que passa! — me soltou um pouco, para olhar em meus olhos — Não precisamos fazer isso agora, teremos muito tempo para pensar no futuro.

Beijou minha bochecha, me deixando mais sem graça ainda, porém me senti mais aliviado por ter esclarecido isso. Continuamos conversando por mais um tempo, como eu teria aula amanhã, tive que me despedir dela – algo muito difícil de se fazer. Nayeon me beijou várias vezes antes de realmente me deixar sair de seu apartamento, meu coração se acelerava com cada demonstração de afeto.

— Até amanhã e me mande mensagem quando chegar! — exclamou, me vendo andar pelo corredor.

— Está bem. — acenei para ela e saí de seu campo de visão.

Behind the Smile Onde histórias criam vida. Descubra agora