Amores, vícios e obsessões

Capítulo 53.

•Diego•

Amanda escutava eu falar com atenção, sem desviar o olhar do meu, as lágrimas já estavam se formando em seus olhos mas ela estava tentando ser o mais forte possível para não derrama-las.
- Muita coisa aconteceu no tempo em que ficamos no hospital com nosso filho preta, coisas horríveis.... Vitinho foi preso, os cana vieram tentar arrancar algo da Jaqueline, bateram nela, fizeram coisas horríveis. Os moradores tb foram ameaçados, o Vitinho tá correndo risco de morte lá na cadeia, tanto pelos policias, tanto pelos rivais. Toda hora eles pedem dinheiro, mas vai ter uma hora que não vai adiantar, preciso tirar ele de lá, ele é meu irmão. Foi por mim, por nós, que ele entrou nessa.
- E eu Diego? E nosso filho? Nós não somos sua família também? Vamos ter que viver esse inferno com você? Eu mereço reviver isso tudo novamente? Você sabe quantas vezes eu pedi a Deus para te tirar dessa vida? - Disse Amanda se levantando.
- Eu te entendo, pretinha. Você acha que eu queria isso de volta pra mim?! Agora que tenho minha família completa... Mas antes de vocês á única família que tive foi o Vitor, não posso largar ele de mão assim.
- Então pelo jeito você já fez sua escolha né? Está certo Diego. Só não conte comigo, e muito menos com meu filho que está no momento de ter o pai por perto, pra viver essa vida. Nós vamos embora.
- Embora pra onde????? Pelo amor de Deus amor não faz isso, vai ser pouco tempo. Eu preciso de vocês, eu preciso de você, vida. - falei me ajoelhando.
- Não dá pra criar nosso filho assim Diego, com esse exemplo. Vai ser sempre isso, um entrando pra vingar o outro, já virou um círculo vicioso. - falou chorando.

Depois do que a Amanda disse, ela sentou na minha frente e ficou me encarando por um tempo. Acho que ela queria que eu dissesse algo, mas eu não tinha nada, ela estava certa. O crime era um círculo vicioso, e por mais que me doía imaginar uma vida sem minha mulher e meu filho, eu sabia que isso era o melhor pra eles.
Amanda deitou do meu lado junto com o Nauã e apagamos no sono depois de tanto chorar, eu os beijei e abracei o máximo que pude. Peguei umas roupas e subi de volta pro meu barraco no morro, queria ter me despedido, mas eu sabia que doeria mais, tanto em mim, tanto na Amanda, e eu já tinha causado dor demais na minha princesa, ela não merecia aquilo tudo.

•Amanda•
(1 mês depois)

Hoje faz 1 mês que o Diego nos deixou, nem sequer se despediu, mas eu entendia o porque. A casa sem ele fica vazia, sem graça. Eu estou tentando ser o mais forte possível, embora seja difícil eu não sou mais um corpo só, meu filho precisa de mim, Jaque veio morar comigo, ela ficou bastante traumatizada com o que fizeram com ela. Fiquei bastante chateada por ela não ter me contado, mas eu precisava da minha amiga e ela de mim. Toda noite ela chorava e rezava pelo Vitinho, aquilo passava um filme em minha cabeça, eu me perguntava se eu não deveria estar fazendo o mesmo pelo Diego, mas eu não tinha reação nenhuma. Parece que a minha ficha ainda não tinha caído, e acho que nunca iria cair. O Nauã foi um anjo que Deus colocou na minha vida, é meu alívio. Meu filho é super esperto, inteligente, o que me aperta o peito é saber que o pai está perdendo esses momentos mais gostosos, ainda mais ele que sempre sonhou em ser pai. E não sei se é pra ajudar ou piorar, mas a cada dia que passa, Nauã fica mais a cara do pai tanto na aparência, tanto nos modos.