Fabiana.
As horas estavam passando e eu não sabia oque fazer. Meu corpo estava todo dolorido e tremendo. Estava muito frio.
Escutei o barulho do portão e corri para dentro do banheiro, junto com Larissa.
-Fabiana, sou eu-escutei uma voz-sou eu, tia Juliana.
Saí do banheiro e minha tia estava parada na porta. Com um homem atrás dela.
-Quem é esse homem ?-perguntei escondendo Larissa atrás de mim.
-É um amigo, Biana-falou com calma-eu vim buscar tu e tua irmã para morar comigo. Eu vim ajudar.
Corri e abracei ela, chorando e soluçando.
-Biana, quem fez esses machucados em você ?-perguntou preocupada, olhando meu corpo todo.
Contei para minha tia tudo que aconteceu e ela e o homem se olharam.
-Tenta achar os seus documentos e da sua irmã, e vamos embora-falou. Procurei no meio de uma caixa de papelão velha cheia de papéis.
Achei os documentos e mostrei para minha tia.
-Sai aí de dentro piranha, eu vou te matar-escutei a voz do Lucas.
-É ele tia, é ele-gritei apavorada-ele vai me matar.
Minha tia me puxou e nós saímos pro lado de fora. O homem pegou Larissa no colo e saiu atrás.
-Solta essa vagabunda, não vai levar ela daqui-gritou com minha tia. Minha tia abriu a bolsa e tirou uma arma de dentro.
-Eu vou tirar minhas sobrinhas daqui sim !-falou apontando pra ele-se eu não acertar um tiro na sua testa, o Pulga vai acertar-apontou pro homem atrás de nós.
Lucas saiu da frente, tremendo o corpo todo. Nós entramos em um carro e minha tia colocou Larissa em um banquinho diferente dentro do carro.
-Isso é uma cadeirinha, para proteger ela melhor-explicou-até chegar no Rio de Janeiro vai ser bastante tempo de estrada.
O carro acelerou e eu fiquei olhando pela janela. Com minha cabeça em branco, sem pensamento nenhum.
O carro parou de uma vez e minha tia desceu, olhei por fora da janela e minha mãe estava parada de frente ao carro.
-Verônica, eu vou levar elas sim !-minha tia falou-eu tenho melhor condição de criar as duas comigo no Rio, tu entregou sua vida pro vício cara. E deixa acontecer coisas inacreditáveis com essas meninas.
-Leva Fabiana mesmo, Espírito Santo está muito pequeno para a vagabundagem dela-deu risada.
-Dobra a sua língua !-minha tia colocou o dedo no rosto dela-Fabiana é só uma menina, que não teve sorte em ter uma mãe responsável.
-E responsável é você né, Juliana ?-debochou-casou com traficante e se envolveu no crime até o pescoço, agora cria um filho que não é teu.
-Verônica, sua vida já está muito ruim para eu bater boca com tu-falou respirando fundo-eu estou levando as meninas, ponto final.
-Leva mesmo, tu sempre teve potencial para criar filho dos outros-falou-nunca teve capacidade de gerar um mesmo, sempre foi uma árvore sem frutos.
Minha tia virou as costas e veio andando até o carro.
-Juliana-minha mãe chamou ela e apontou para a barriga-estou de 7 meses, daqui um tempo você volta viu ? Buscar essa daqui também.
Minha tia entrou no carro e fechou os vidros. O homem acelerou o carro e eu olhei pela janela.
Vi tudo aquilo ficando para trás, junto com Verônica, que eu também deixaria para trás. A mulher que eu um dia chamei de mãe.