Fabiana.
Primeira fase.Acordei sentindo meu corpo dolorido, olhei para o lado de fora e o dia ainda não tinha amanhecido.
Me assustei quando vi que tinha xixi no colchão que eu dormia, me levantei correndo e fui colocar ele do lado de fora para secar.
Procurei uma roupa limpa na pilha de roupas mas não tinha, todas estavam sujas e com o mesmo cheiro.
Olhei para a cama e minha mãe estava dormindo com o marido dela, e minha irmã do lado.
Me aproximei e percebi que eles estavam sem roupa. Peguei minha irmã no colo e saí sem fazer barulho.
Eu fico muito preocupada com Larissa e com a saúde dela. Larissa é muito pequena e muito magrinha. Minha mãe não liga, fala que é normal.
Do lado de fora estava meu isopor com algumas garrafas de água e minha bandeja com balas.
-Larissa, você vai ter que ir andando-balancei ela tentando fazer acordar.
Larissa estava cansada, resmungava e voltava a dormir. Respirei fundo e coloquei a caixa de isopor debaixo do braço.
Coloquei Larissa deitada no meu ombro e com a outra mão segurei a bandeja de balas.
Enquanto eu caminhava descendo as vielas, minhas pernas ardiam das correiadas que eu tomei ontem.
Eu acordei na hora que minha mãe estava usando droga com o marido dela, tentei pegar Larissa que estava deitada do lado deles e minha mãe me bateu.
Me disse que eu atrapalhava sempre que ela estava sendo feliz.
Saí dos becos e caí no asfalto, fui caminhando até o sinal. Peguei um papelão que estava na rua e deitei Larissa, cobri ela com o casaco que eu estava vestindo.
A cada sinal vermelho eu corria, oferecia as balas e as águas. Algumas pessoas não abrem nem o vidro.
Vendi 3 águas e 5 balas no primeiro sinal, guardei o dinheiro dentro da roupa e continuei.
O tempo foi passando e Larissa acordou, reclamando que a barriga estava doendo. A minha também estava.
Peguei as coisas e ela me deu a mão, passamos na padaria e eu tinha dinheiro pra um pão com manteiga. Não podia gastar mais.
Comprei e saí com Larissa, sentei ela na rua e entreguei o pão. Se ela ficar com a barriga cheia antes do pão acabar, eu como oque sobrar.
Voltei a oferecer as águas e as balas, o sinal fechou e eu voltei. Larissa me deu um pedaço do pão e disse que estava cheia.
Olhei no relógio de um dos prédios e vi que já estava quase na hora do almoço. Hoje eu não vendi muita coisa, então não vou ter dinheiro pra comprar almoço pra ela.
Peguei uma sacola na padaria e coloquei o pedaço de pão dentro. Enfiei dentro do bolso e continuei.
Minha testa estava suada e minha barriga roncando muito, pedi dois copos de água na padaria e tomei um. Assim eu consigo que minha barriga pare de roncar.
A hora do almoço chegou e eu entreguei o pedaço de pão pra Larrisa, junto do outro copo de água.
Ela tirou a chupeta da boca e começou a comer o pão. Voltei para o sinal e as horas começaram a passar mais rápido, consegui vender algumas coisas.
Não passou muito tempo e o dia começou a escurecer, tentei vender o resto das balas em mais três sinais vermelhos. Mas não consegui vender todas.
Peguei Larissa e contei o dinheiro, juntei as coisas e nós fomos embora. Larissa estava chorando muito, peguei uma das balas e dei ela.
Cheguei e a casa estava vazia, coloquei Larissa na cama e as coisas do lado de fora. Minha mãe estava na varanda fumando.
-Fabiana-chamou e eu olhei-quero saber porque esse colchão ficou do lado de fora.
-Acordei com ele molhado-respondi sem olhar pra ela, ela se levantou e veio rápido. Segurou meu cabelo e me puxou para perto do colchão.
Pressionou meu rosto perto dele e esfregou.
-Porque tu mijou nele, praga !-gritou-tu vai lavar ele agora.
-Mas ele vai ficar molhado e eu não tenho outro-falei chorando.
-Dorme nele molhado ou dorme no chão-gritou.
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