Fabiana.
Acordei assustada com o celular tocando, era da creche da Natália. Retornei a ligação e não atenderam.
Me levantei e joguei uma água no rosto, escovei dente e vesti a primeira roupa que achei.
Passei a mão no celular e nas chaves e saí. Nem cinco minutos eu já estava chamando no portão da minha tia.
-Caiu da cama ?-perguntou abrindo a porta
-Acordei com o celular tocando, era a creche da Natália-falei entrando-tentei retornar e nada, te ligaram ?
-Não sei, a Van pegou ela aqui e eu fui lavar roupa, não olhei o celular-entrou pra cozinha
A creche de Natália não costuma ligar por qualquer coisa, eles relatam tudo na agenda. Então sempre que ligam a gente fica alerta.
-Me ligaram, quatro chamadas perdidas-falou
Minha tia retornou a ligação e atenderam.
Falaram que hoje ouve um desconforto na hora da entrada das crianças e solicitaram a ida até a creche.
-Eu vou trocar de roupa e nós vamos-falou e eu concordei.
Em alguns minutos já estávamos chamando o Uber. Logo menos tomo vergonha e tiro minha carteirinha! Comprar meu carrinho.
Por enquanto só a de carro mesmo, moto eu piloto com a permissão de Deus!
O caminho eu estava inquieta, sabe? Parecendo que tinha algo me incomodando. Ih, que coisa!
Minha cabeça já estava quente de não saber oque aconteceu com Natália, mesmo sabendo que pode ser algo bobo. Mas nossa, qualquer coisa que mexe com as minhas meninas me abala toda.
Mas como minha intuição é certa, eu já estava sentindo que ali tinha.
Chegamos na portaria e eu dei bom dia, entramos e minha tia segurou meu braço.
-Vamos sentar e esperar a diretora chamar-falou
-Pois fique aí você, eu vou bater lá na porta dela-continuei andando.
Não bati, entrei logo na sala e a diretora abriu maior olhão.
-Sou irmã da Natália, cadê ela ?-perguntei
-Senhora Fabiana, vou pedir que sente-se para podermos conversar com calma-sorriu sonsa
-Quero saber oque aconteceu-falei sem paciência. Minha tia entrou na sala e parou ao meu lado.
-Então... Hoje tivemos um constrangimento na entrada das crianças, foi formada a fila para contagem das crianças como de padrão da nossa escola. Quando escutamos Natália chamar, e nos assustamos porque ela estava sendo segurada por uma mulher.
Minha mão estava formigando, como se todo meu corpo estivesse gelado.
-Quando houve aproximação da nossa força policial, a mulher disparou gritos de que era a mãe de Natália. Uma senhora em situação de rua e visível vulnerabilidade mental. Ao tentar arrastar Natália pelo braço, nossos policiais tiverem que agir e Natália acabou se ferindo no braço pelo atrito com o asfalto.
-A minha irmã quase foi sequestrada em uma escola de 3 mil reais ?-gritei-eu vou processar esse lugar! Eu quero minha irmã aqui agora!-Bati na mesa
-Senhora Fabiana, eu peço que se acalme. Eu entendo a situação, mas a senhora nova ainda, gostaria de falar em particular com a senhora Juliana-falou e eu dei risada.
-A muitos anos atrás eu escutei coisas muito parecidas, em um hambiente como esse. Que eu era muito nova e não deveria colocar em minhas costas tanta responsabilidade, mas eu coloquei! Eu criei minhas irmãs. E se em 5 minutos Natália não estiver nessa sala, eu vou buscar com a polícia.
