Capítulo 36

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Larissa.

Fechei meu caixa e anotei tudo. Separei as notas e as moedas e tirei minha touca.

Aqui no restaurante eu atendo mesas, mas quando precisa eu também fico no caixa. Maria Eduarda estava me enchendo de mensagens querendo saber da minha gravidez.

Não quero falar, não quero contato. Quero me desligar de tudo que me lembre oque eu passei. Eu ainda sinto medo de invadirem minha casa procurando ele, de me machucarem e eu perder meu bebê.

Mas eu me olho no espelho, vejo que não estou mais sozinha, eu não posso tomar decisões apenas por mim. Eu fiquei em negação com minha gravidez, muitos meses.

Mas hoje eu entendo, quem não suporta o processo nunca vai viver o propósito. Minha mãe me disse isso no início da gravidez, mas eu fui entender somente agora.

Eu já estou de 5 meses, minha barriga já está perceptível. Eu estou sentindo bastante a gravidez, sinto algumas tonteiras ainda as vezes e meu corpo está inchado. Meu rosto, meus pés.

Mas dizem que o inchaço só piora com os meses.

Eu quero muito saber o sexo do bebê, quero comprar algumas coisinhas. Estou guardando um pouco de dinheiro.

Fabiana me deu um berço branco, lindo. Com um jogo de berço feito de estrelinhas amarelas.

Estou comprando algumas coisas necessárias aqui pra casa. De pouco em pouco.

Tem dias que eu sinto tanta dor nas pernas, que não consigo tomar banho. Passar o dia de pé é um pouco complicado. Não imagino quando chegar os 8, 9 meses.

Eu não consegui ir no samba que minha mãe fez em casa, porque estava trabalhando e cheguei tarde. O bebê estava muito agitado, nessa noite eu quase não dormi.

Hoje eu tenho ultrassom e amanhã eu não trabalho. Adoro dias de folga, consigo descansar um pouco.

Tomei banho e lavei meu cabelo, saí e pendurei a toalha na porta. Vesti a calcinha e um vestido de poá, de alcinha. Passei hidratante e penteei meu cabelo.

Peguei meus documentos e coloquei na pasta com os meus papéis da gestação. Deixei meu cabelo secando e calcei uma rasteirinha. Respondi as mensagens da minha mãe e fechei o WhatsApp.

-Vamos Larissa, cheguei-Fabiana chamou no portão.

Peguei as coisas e saí, Fabiana beijou minha barriga e sorriu.

-Está crescendo rápido-falou e eu concordei-estou olhando as coisas pro chá de bebê

Fiquei calada, eu não estou animada. De coração.

Esse chá de bebê só vai me lembrar ainda mais que meu filho vai crescer sem pai. Vai ser o primeiro de todos os eventos da vida do meu filho, e como em todos eles. Não vai ter a figura paterna.

Eu cresci sem pai e sei o peso disso. Eu tive Fabiana fazendo os dois papéis, mas sei a falta que faz um pai na vida de uma criança.

Já estávamos esperando a consulta, Fabiana louca para saber se vamos conseguir ver o sexo.

-Já pensou nos nomes ?-perguntou

-Pensei, mas você vai achar brega-dei risada-vai me xoxar

-Você já é xoxada, Larissa-deu risada

-Eu acho que é menino, eu quero que seja Fabiano-respondi

Ela ficou calada e me olhou. Sei que Fabiana pode ter achado estranho, ou não ter entendido.

-Eu quero que seja Fabiano porque quero me inspirar em você, quero me inspirar em como você fez os dois papéis por mim, tu foi mãe e pai. Eu infelizmente não consegui dar um pai pro meu filho, e sei que esse papel vai ser meu. Mas eu não sei como fazê-lo, não sei por onde começar. E quero que o nome do meu filho sempre me lembre você, quero conseguir ser para ele oque tu foi pra mim.

Eu não pensei em nomes para menina, no meu coração eu já sabia. Fabiana pulou de alegria quando viu na ultrassom. Ali estava o nosso Fabiano, com as pernas completamente abertas. Ele só estava esperando por ela, para que ela sentisse a emoção comigo.

Meu Fabiano, minha nova chance.

Lari @Mlarissa

É oficial, mamãe de menino...💙

💙

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