Capítulo 44

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Turco.

Parei a moto e Natália abriu o portão correndo.

-Mamãe, Turco chegou-gritou sorrindo e minha mãe saiu de cara fechada

-Natália, eu já te falei! Não foi esse nome que eu dei para ele quando nasceu-falou

-Tu sabe que só tem duas pessoas que me chamam pelo nome-balancei a cabeça negando, não gosto que qualquer um me trata pelo nome pô. Bagulho meu.

Minha família eu não ligo, mas elas logo não criaram costume de me chamar de Ícaro. Só minha mãe me chama assim, e a minha Bibi.

Mas Fabiana sempre me chamou pelo nome pra debochar. Sem neurose.

Fabiana não gosta do Turco, porque o Ícaro ela tem na mão.

Levei Natália pra casa de Fabiana e minha mãe disse que ia terminar o almoço e iria também.

Deixei Natália e piei em casa, tomei banho e fiquei relaxado pô. Só de bermuda.

Sentei na varanda e peguei uma garrafa de uísque, coloquei no copo com gelo e acendi um. Hoje quero carburar e ficar de canto.

Tô felizão por Larissa e pelo moleque ter vindo com saúde, mas com o coração apertado de saber que vai ser mais um que vai crescer sem pai.

Quando eu penso em pai minha cabeça vai longe pô, o meu me deixou muito cedo. Minha mãe ficou sozinha pra me criar.

E mesmo sabendo que eu tive um pai e que ele ma amava, foi bagulho louco crescer sem ele. Minha mãe foi sem palavras! Mas um pai faz falta.

Meu pai me deixou parte do que eu sou hoje. Meu pai me deixou a devoção por Oxóssi, que move minha vida pô!

Meu pai foi o homem com mais fé no sagrado que eu já vi, é meu exemplo! Me ensinou que quem tem Orixá, tem tudo.

Meu pai trabalhava com um caboclo, que eu lembro até hoje de muitas palavras. Palavras que eu levo no meu coração desde criança, que eu nunca vou esquecer.

Que minha fé seja a última a cair e que eu sempre possa levantar! Muita fé no povo da mata.

Fiquei palmeando a favela e pensando. Mente vai longe! Pensei em Fabiana e deu risada sozinho.

Quando Bibi chegou aqui pra morar com minha mãe, era toda na dela pô. Mas sempre meteu marra, fechando a cara pra mim.

Mas minha mãe sempre tonteou a menina, como as duas eram próximas demais era com ela que minha mãe desabafava. Aí já viu pô, ela abraçava oque minha mãe falava.

Na época eu só queria saber de bct e usar droga, ficava só de pulo em pulo pô. Minha mãe não me via, era raro eu deitar pra dormir na minha própria cama.

Era novo cara, queria ver a vida. Mas minha mãe fazia minha caveira pra Fabiana, então a grt me odiava pô. Papo reto!

Não podia me ver que virava a cara pra mim, toda oportunidade que tinha jogava um veneno.

"Tu devia era dar valor pra tua mãe, não ficar vivendo essa vida ridícula"

Novinha ela já era assim pô. Ácida.

Coloquei a mão na cabeça e dei risada com a lembrança.

E papo 10 ? Eu sempre dei valor na minha mãe! Eu só queria ser das mulher um pouquinho, o menino não era de ferro pô.

Nasci careca, pelado e banguelo. Oque viesse era lucro!

Mas ao mesmo tempo disso tudo, eu sempre tratei Bibi muito bem pô. Ela jogava veneno pra mim mas eu não revidava, achava ela linda demais pra isso. Sempre rodiei.

Uma vez precisei baixar com ela aonde ela morava e procurar o desgraçado que fez oque fez com ela. Ali eu vi Fabiana, minha Fabiana!

Na época ele achou uma rede social dela e começou a mandar ameaça, até então ela estava tranquila. Mas um dia ele mandou ameaçando Larissa.

Aí pô, subiu pra mente dela na hora!

Esse dia fomos só eu e ela, papo reto. Lembro como se fosse hoje de tudo que eu vi ela fazer.

Balancei a cabeça e espantei isso. Não é um bagulho que eu falo sobre, e nem ela. Passou, passou. Tá feito! O erro dela foi não ter matado.

Sempre vou lembrar disso.

Fabiana.Onde histórias criam vida. Descubra agora