Capítulo 38

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Fabiana.

Eu e Bráulio ficamos algumas vezes, durante as duas últimas semanas. Mas não estou dando muita confiança.

Acordei logo cedo com barulho de tiro, morador não tem paz!

Me levantei e escovei os dentes, lavei o rosto e soltei o cabelo. Comi um pacote de biscoito acompanhado de um copo de suco, assistindo um desenho que estava passando.

Meu celular apitou e era número desconhecido, desliguei e tinha mensagem no WhatsApp.

Era um áudio, assim que coloquei para ouvir, escutei tiros e a voz de Ícaro. Ícaro me mandou um áudio falando que estava preso dentro de casa, junto com policiais. Que eles queriam o dinheiro, mas o único número que ele sabia de cabeça era o meu. Disse que eu sabia com quem tava o dinheiro.

Quando ele disse isso, eu senti o tom da voz dele. Pensei em Bráulio.

Um deles pegou o celular e disse que se o dinheiro não aparecesse, ia matar Ícaro e pendurar a cabeça dele no portão da própria casa.

Eu já estava toda me tremendo, peguei minha chave e saí de pijama mesmo. Meu coração estava na mão, morrendo de medo de não encontrar ninguém e fizerem alguma coisa com Ícaro.

-Tá maluca porra, tá fazendo oque na rua ?-Bráulio me puxou pelo braço, me enfiando dentro de um barraco.

-Ícaro, pegaram ele! Ele disse que estava com tu o dinheiro-falei desesperada

-Como tu sabe ?-Bráulio perguntou

Coloquei o áudio pra ele escutar, ele colocou a mão na cabeça.

-Desgraça-deu um soco na parede-eu trouxe esse dinheiro hoje, não tinha como eles saber! Desgraça!!!

-Faz alguma coisa, chama alguém!-gritei-vão matar ele, Bráulio!

-Não tem como chamar ninguém, Fabiana! Tá todo mundo trocando tiro nessa porra-falou, virou de costas e pegou o fuzil que estava encima de uma mesa. Embaixo da mesa ele pegou uma mochila e colocou nas costas.

-Eu vou na frente e tu vem atrás de mim, qualquer barulho tu corre-falou-vou te deixar em casa e vou entregar o dinheiro.

-E se prenderem vocês dois ? Não cara, tu não tá pensando direito-falei segurando ele

-Tá maluca ?-perguntou-se verem tua cara, tu vai tá marcada pra sempre Fabiana. Vão saber que tu que estava no telefone.

Bráulio saiu comigo e me deixou em casa. Disse para eu desligar o celular e tirar o chip.

E como fica o coração ? Sem poder ter notícias nenhuma, liguei a televisão e tentei me distrair. Mas toda hora meu pensamento ia nele.

Passou umas 2 horas e ninguém apareceu. Tomei banho e me vesti, penteei meu cabelo e organizei a casa.

Sempre tentando manter minha mente ocupada.

Entrou a noite e não dava para escutar mais nada. Abri minha janela e olhei na rua, não tinha ninguém. Fechei e fechei as cortinas.

Escutei o barulho do portão e meu coração acelerou.

-Fabiana-escutei a voz do Bráulio, abri o portão e ele estava segurando Ícaro.

Ícaro estava machucado e com um tiro na perna. Bráulio estava com o rosto coberto de sangue.

Ajudei Bráulio a entrar e eles se jogaram no sofá. Bráulio também tinha tomado um tiro, de raspão no braço.

Corri e tranquei o portão, fechei a porta de casa e a cortina das janelas.

-O que eles fizeram com vocês?-perguntei desesperada

-Tira a bala-Ícaro disse, gemendo de dor e apertando a perna.

-Ícaro, como eu vou tirar essa bala daí cara ? Tu vai pegar uma infecção se tirar com qualquer coisa, isso é coisa de hospital.

-Bandido não tem esse privilégio-Bráulio falou-Ou é tu, ou é tu! Não tem outra opção.

-Tá doendo demais, Bibi. Por favor, me ajuda!-Ícaro pediu, Bráulio mantinha os olhos em mim.

Peguei um pano molhado e dei para Bráulio colocar no rosto, junto de uma camisa para ele colocar na perna.

Coloquei uma água para ferver e busquei no meu quarto uma pinça de sobrancelha, ela ainda estava no pacote. Abri e joguei na água para ferver junto.

Peguei álcool e uma caixinha de primeiro socorros. Molhei um pano no álcool e dei para Ícaro.

-Pressiona aí-falei e ele colocou, gritando logo em seguida.

Bráulio estava com um corte na cabeça, joguei soro e peguei um pedaço grande de algodão.

-Vai doer, mas vou com a mão leve, tá bom ?-falei e ele balançou a cabeça, concordando.

Passei o algodão lipando o sangue no machucado e vindo com um pano seco, para parar o sangramento.

Desliguei a água na cozinha e virei na pia, enchendo com água fria para esfriar a pinça. Lavei minha mão e joguei bastante álcool, na minha mão e na pinça.

Pedi Ícaro para tirar o pano e respirei fundo.

Fabiana.Onde histórias criam vida. Descubra agora