Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
AS MEMÓRIAS DAQUELA NOITE tenebrosa voltam à minha mente, inundando o meu coração com um amargor horrível.
As coisas em "casa" já não andavam bem fazia algum tempo. Eu sempre soube que esse momento chegaria mais cedo ou mais tarde, mas a realidade é que eu nunca estive preparado para momentos como estes. De certa forma, daquela vez foi diferente. Eu não gostava ou ligava para os outros namorados da minha mãe, mas eu gostava do Bang, da família bang. Eu estava feliz por ter reencontrado minhas raizes na Coreia, feliz por estar onde estava.
Como era de se esperar, alguma coisa tinha que dar errado. Desde que tivemos nosso primeiro encontro com a mãe de Chan que as coisas não andam bem, ela e minha mãe estavam constantemente em briga e, algumas delas, não acabavam apenas nas duas. Minha mãe gritava de um lado, a antiga senhora Bang do outro, o meu antigo padrasto gritava em outra ponta e Chris e eu ficávamos sempre no meio de tudo.
Com o passar do tempo as brigas entre o casal passaram a ser constantes, com o casamento cada vez mais próximo, tudo ficou pior. A relação dos nossos pais já não estavam mais indo tão bem, por mais que eles tentassem esconder de Chris e de mim. As brigas passaram a afetar a vida dos dois como não queriam, começaram a discordar em muitos aspectos e cada vez mais se entendiam menos.
Após virar rotina, parecia que eles procuravam qualquer motivo para discutir e eu qualquer distração para não ouvir. A noite em que tudo acabou para Yumin e eu foi, coincidentemente, o dia em que tudo acabou para os "meus pais" também. Naquele dia eles nem mesmo se deram ao trabalho de tentar diminuir o tom e fingir casualidade.
Trancado no meu quarto, eu só escutei quando a porta da entrada bateu e minha mãe saiu. Eu pensei que ela tinha saído para dar um tempo, esfriar a cabeça. Talvez tenha sido, mas ela não voltou mais. Quando, mais tarde, o meu celular notificou uma mensagem dela, eu já sentia que era o fim. E ao ler, minhas suspeitas foram confirmadas.
"Arrume as suas malas querido, vamos voltar para casa. Não conte a ninguém." Era o que dizia, seguido do hotel em que ela estava hospedada, o horário do nosso voo de partida, um pedido de desculpas e a promessa irreal de que seria a última vez. Mas não, nem de longe eu acreditei que seria a última, nós já estávamos presos naquele ciclo vicioso fazia muito tempo.
Estive acostumado. Eu não deveria me importar, mas aquela vez foi diferente. Desde criança eu tive que aprender a não me importar, não me apegar a alguém ou algo, porque nada era duradouro. Eu escolhi me fechar para me proteger. Quando eu vim para cá, para aquela nova família, eu me permiti iludir com a ideia de que seria real daquela vez, e foi, mas não durou.
Arrumar as minhas malas, guardar todas as minhas lembranças do lugar que eu costumava chamar de casa foi doloroso e fazer sem que soubessem foi pior ainda. Odiei a sensação. Eu não deixei para trás apenas bens matérias, eu deixei você, Yumin, e parte de uma família a qual eu realmente gostava e achava que pertencia. Depois do meu pai, achei que seríamos apenas minha mãe e eu, achei fôssemos o suficiente, mas pelo visto nunca fomos.